Controle Financeiro

Guia dos indicadores financeiros: 12 KPIs que você precisa acompanhar

Marcos Perillo Marcos Perillo | Atualizado em: 02/04/2024 | 14 mins de leitura

Os indicadores financeiros revelam como anda a saúde financeira do seu negócio. Veja como calcular e acompanhar 12 deles.

Os indicadores financeiros revelam se você está no caminho do crescimento e do lucro ou se precisa rever a trajetória do seu negócio.

Eles mostram o quanto você faturou e lucrou, qual foi impacto dos custos, quais investimentos são mais rentáveis, e vários outros resultados que guiam sua gestão financeira.

Quando acompanhados de perto, trazem um diagnóstico completo da saúde financeira da empresa e ajudam você a tomar decisões mais certeiras.

Por isso, compilamos os principais indicadores financeiros que você precisa acompanhar em um guia completo:

Leia até o fim e saiba exatamente o que medir para alcançar o sucesso financeiro no seu negócio.

CAPÍTULO 1

O que são indicadores financeiros?

Os indicadores financeiros são métricas que você pode usar como referência para acompanhar o desempenho das finanças no seu negócio.

Eles também são chamados de KPIs (Key Performance Indicators, ou Indicadores-Chave de Desempenho em português) e fazem parte da gestão de performance de toda empresa preocupada com seus resultados.

Quando o assunto é dinheiro, especialmente, é preciso ter dados confiáveis para analisar se o seu negócio está tendo o desempenho esperado.

Essa é a função dos indicadores financeiros, que funcionam como bússolas para guiar o empreendedor pelo caminho mais lucrativo e promissor.

Alguns exemplos básicos de indicadores são o próprio faturamento, margem de lucro e ticket médio, que mostram diferentes pontos de vista e parâmetros econômicos.

CAPÍTULO 2

Por que usar indicadores financeiros?

Os indicadores financeiros formam a base para a tomada de decisão dos gestores nessa área essencial do negócio.

Eles revelam se a empresa está conseguindo gerar caixa suficiente para cobrir seus custos e dar lucro, se o retorno sobre os investimentos é satisfatório, se o preços dos produtos ou serviços foi definido corretamente, entre outros resultados fundamentais para a gestão financeira.

Normalmente, o empreendedor de primeira viagem tende a olhar apenas para o faturamento e os resultados de vendas, acreditando que são suficientes para avaliar o desempenho do negócio.

Mas a verdade é que esses indicadores sozinhos dizem muito pouco sobre a saúde financeira da empresa, que precisa ser avaliada a partir em várias métricas.

Por exemplo, é perfeitamente possível vender muito e lucrar pouco — ou mesmo ficar no prejuízo —, como ocorre nas empresas com custos muito altos e precificação incorreta.

Por isso é tão importante acompanhar diferentes indicadores financeiros e ter seu próprio painel de controle sempre à mão para tomar as melhores decisões.

CAPÍTULO 3

12 indicadores financeiros para medir o desempenho do seu negócio

Será que você está acompanhando todos os indicadores financeiros necessários para medir o desempenho do seu negócio?

Confira os mais importantes a seguir.

1. Faturamento

O faturamento é um dos principais indicadores financeiros para mensurar a saúde financeira do negócio.

Ele consiste na soma de todos os valores obtidos com as vendas de produtos e/ou serviços na empresa em um determinado período, geralmente mensal ou anual.

Ou seja: é todo o potencial dinheiro que deve entrar (se os clientes pagarem) no caixa do negócio a partir de sua atividade comercial, seja a prestação de serviços ou venda de mercadorias.

Importante: o faturamento entrará no seu caixa no momento do recebimento: se for à vista, no momento inicial, e se for parcelado, somente diante do pagamento de cada parcela.

O faturamento serve para avaliar o desempenho das vendas e entender se a empresa está conseguindo gerar caixa suficiente para cobrir seus custos e lucrar.

Além disso, serve  como base de cálculo para determinar os impostos que a empresa deve pagar ao governo, dependendo da natureza jurídica e regime tributário.

Há dois tipos de faturamento que podem ser calculados na sua empresa: o bruto e o líquido.

Para calcular o faturamento bruto, basta multiplicar o preço de venda do produto ou serviço pelo total de unidades vendidas no período escolhido, seguindo a fórmula abaixo:

Faturamento bruto = Preço de venda  x Quantidade vendida

Já o faturamento líquido  é igual ao faturamento bruto menos as deduções de vendas (produtos devolvidos e compras canceladas) e impostos cobrados sobre cada operação, seguindo a fórmula abaixo:

Faturamento líquido = Faturamento bruto – Deduções de vendas – Impostos

2. Lucro bruto

O lucro é o que todo empreendedor busca ao abrir uma empresa, que pode ser medido na sua forma bruta ou líquida.

O lucro bruto é a receita total da empresa menos os custos diretos e indiretos ligados à produção dos bens ou serviços, conforme a fórmula:

Lucro bruto = Receita total – Custos relacionados à produção

No caso, os custos relacionados à produção são os gastos variáveis necessários para produzir uma mercadoria ou executar um serviço, incluindo mão de obra (em algumas situações), insumos e matéria-prima — quanto maior o volume de vendas, maiores serão esses custos.

Caso você tenha mão de obra direta contratada, o custo dela ocorrerá independente da produção, caracterizando praticamente como custo fixo. Caso a mão de obra seja contratada sob demanda, ela será variável.

Uma vez calculado o lucro bruto (receita – custos relacionados à produção), precisamos deduzir as despesas que podem ser fixas  ou variáveis.

É aí que entra o lucro líquido, que mostra quanto dinheiro realmente sobrou para os sócios e acionistas depois de subtrair todos os gastos possíveis do faturamento.

Ele é dado pela seguinte fórmula:

Lucro líquido = Receita total – Custos e despesas totais

3. Ponto de equilíbrio (break even point)

O ponto de equilíbrio indica o momento em que a receita líquida da empresa é exatamente igual à soma dos custos e despesas, ou seja, lucro líquido igual a zero.

Ele serve para calcular quanto a empresa precisa vender para bancar suas operações sem nenhum prejuízo.

Obviamente, chegar ao ponto de equilíbrio não é meta de nenhuma empresa, pois ele serve apenas como referência para descobrir quando o negócio vai começar a dar lucro.

Para calcular esse indicador, basta utilizar a seguinte fórmula:

Ponto de equilíbrio  = Custos e despesas fixas ÷ Margem de contribuição

No caso, a margem de contribuição é o que sobra de receita para a empresa depois de pagar o custo de produção e os impostos sobre os produtos e serviços, como veremos em mais detalhes adiante.

Confira também a diferença entre ponto de equilíbrio financeiro, econômico e contábil.

4. Margem de lucro

A margem de lucro é a porcentagem que o empreendedor adiciona aos custos totais de um produto ou serviço, definindo o quanto pretende lucrar sobre cada venda.

Ela é imprescindível na formação de preços, pois garante que o valor do produto cobrirá os custos e estará dentro da média praticada no segmento.

Da mesma forma que nos outros indicadores financeiros, podemos calcular a versão bruta ou líquida.

A margem de lucro bruta é dada pela fórmula:

Margem bruta = Lucro bruto / Receita líquida x 100

Por isso, é importante calcular também a margem líquida:

Margem líquida = Lucro líquido / Receita líquida x 100

Importante lembrar: o lucro líquido é faturamento – custos – despesas operacionais – despesas financeiras – imposto diretos.

Esse resultado mostra quanto realmente sobra do preço cobrado, tornando o planejamento financeiro e a formação de preços mais eficientes.

Para mais detalhes e exemplos, veja nosso artigo sobre como calcular a margem de lucro.

5. Margem de contribuição (margem bruta)

A margem de contribuição é o mesmo que ganho bruto sobre as vendas, ou seja, o que sobra para a empresa depois de pagar o custo de produção e os impostos sobre os produtos e serviços (as chamadas despesas variáveis).

Esse dinheiro restante é usado para pagar os gastos fixos da empresa (aluguel, folha de pagamento, manutenção, etc.) e constituir o lucro do negócio para sócios e acionistas.

Logo, a margem de contribuição é um indicador fundamental para avaliar o desempenho financeiro, pois mostra se a receita é suficiente para pagar os custos e as despesas fixas e, ainda assim, lucrar.

Esta é a fórmula usada para calcular esse indicador:

Margem de contribuição = Faturamento – (Custos relacionados à produção + Despesas relacionadas à produção)

O resultado da conta representa o quanto a empresa consegue gerar de recursos para pagar as despesas fixas e obter lucro.

6. Liquidez corrente

A liquidez corrente é um indicador que revela a capacidade da empresa de arcar com suas obrigações em curto prazo.

Para calcular esse KPI, precisamos levar em conta dois conceitos:

  • Ativo circulante: é todo bem ou direito de uma empresa que pode ser facilmente transformado em dinheiro, como o saldo em conta corrente e o estoque
  • Passivo circulante: é toda dívida da empresa que precisa ser paga em até um ano, como as contas a pagar e impostos.

Assim, basta aplicar a fórmula da liquidez corrente:

Liquidez corrente = Ativo circulante / Passivo circulante

Se resultado for maior que 1, significa que a empresa tem capital suficiente para pagar suas contas em curto prazo.

Se for igual a 1, quer dizer que o capital e as obrigações estão equilibrados — mas se for menor que 1, é sinal de capital insuficiente para bancar todas as obrigações.

Existem ainda os indicadores de liquidez seca, que desconsidera o estoque como ativo circulante, e liquidez imediata, que não contabiliza nem o estoque, nem as contas a receber.

7. EBITDA

A sigla EBITDA significa Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization, ou “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização” em português.

Como o próprio nome sugere, o EBITDA indica o potencial de quanto a empresa gera de recursos sem levar em conta os descontos financeiros e impostos.

Logo, ele resume o potencial de geração de caixa de um negócio, sendo útil para avaliar a competitividade e eficiência da gestão.

Para calcular esse indicador, é só usar a fórmula:

EBITDA = Lucro operacional + depreciação + amortização

No caso, o lucro operacional é aquele gerado pela operação do negócio, subtraindo as despesas administrativas, comerciais e operacionais (Lucro operacional = lucro bruto – [despesas operacionais + receitas operacionais]). As despesas e receitas financeiras não devem ser consideradas como operacionais para fins do cálculo do EBITDA.

Já a depreciação é o redução gradual do valor dos bens físicos por desgaste ou perda de utilidade ao longo do tempo, enquanto a amortização representa as perdas de ativos intangíveis (Ex: marcas e patentes).

Todas essas informações podem ser obtidas no DRE Gerencial da empresa, que já mostra os resultados antes e depois dos impostos, depreciação e amortização.

8. Lucratividade

A lucratividade indica quanto um negócio efetivamente ganhou em relação a tudo o que recebeu.

Isso porque, quando uma empresa vende um produto ou um serviço, o preço cobrado não é totalmente destinado ao negócio, já que há custos com mão de obra, estrutura, fabricação ou compra.

Logo, a lucratividade serve para entender a relação entre o valor do lucro líquido e o valor das vendas, em percentual.

Esta é a fórmula utilizada para o cálculo:

Lucratividade = Lucro líquido / Receita líquida x 100

A porcentagem resultante pode ser usada para avaliar a capacidade da empresa de gerar lucro para sócios e acionistas, além de servir como parâmetro para comparações com a concorrência.

9. Rentabilidade

É comum a confusão entre rentabilidade e lucratividade, pois são indicadores financeiros muito semelhantes.

No entanto, enquanto a lucratividade representa o que a empresa ganhou em relação a tudo que recebeu, a rentabilidade compara seus ganhos aos investimentos realizados no negócio.

Logo, a segunda mostra o quanto a empresa é capaz de gerar retorno a partir do capital investido em determinados ativos, por meio da seguinte fórmula:

Rentabilidade = Lucro líquido / Investimento x 100

Aqui investimento não é o capital social aplicado na companhia, e sim o investimento que foi feito em máquinas, equipamentos e outros ativos que estejam ligados à produção.

Para entender melhor a relação entre os dois indicadores, confira nosso artigo sobre as diferenças entre lucratividade e rentabilidade.

10. ROI

O Retorno sobre Investimento (ROI) é uma métrica utilizada para identificar o quanto a empresa ganha em rendimentos financeiros a partir de qualquer investimento realizado.

É por meio dele que a empresa descobre qual foi o ganho (ou perda) obtido para cobrir os custos envolvidos na aplicação dos recursos e ainda ter retorno financeiro (caso ele exista).

A fórmula é uma das mais conhecidas do mundo corporativo:

ROI = (Ganho obtido – Valor do investimento) / Valor do investimento x 100

Você pode fazer esse cálculo para medir o retorno do valor investido em produtos, serviços, campanhas, treinamentos e qualquer atividade da empresa.

Além disso, o ROI é um parâmetro importante para comparar seu retorno com o de outras empresas do mesmo segmento.

11. Ticket médio

O ticket médio é um indicador financeiro relacionado à área comercial que mostra quanto você está faturando por cliente.

Sua fórmula não poderia ser mais simples:

Ticket médio = Faturamento total / Número de vendas do período

Também é possível calcular o ticket médio de determinado produto, serviço ou categoria, conforme a necessidade da empresa.

De modo geral, esse indicador é muito útil para fazer o planejamento de vendas do negócio e entender se é mais vantajoso aumentar o gasto por cliente ou atrair novos clientes, por exemplo.

12. Giro de estoque

A rotatividade ou giro de estoque é um indicador que revela a velocidade em que o inventário foi renovado em um determinado período ou qual é o tempo médio de permanência de um produto antes da venda.

Para fazer o cálculo, basta aplicar a fórmula:

Giro de estoque = Quantidade de produtos vendidos / Total de produtos no estoque

Se o resultado for menor do que 1, significa que, ao final do período, sobraram produtos não vendidos no estoque. Se for maior do que 1, quer dizer que todos os itens foram renovados pelo menos uma vez no período avaliado.

Por isso, é um dos principais instrumentos para medir a avaliar a gestão de inventário, e pode ser avaliado em diferentes periodicidades, embora a análise anual seja mais frequente.

CAPÍTULO 4

Monitore seus indicadores financeiros com a Conta Azul

Não é fácil acompanhar tantos indicadores financeiros quando você tem uma empresa para gerenciar no dia a dia, onde tudo acontece muito rápido e o tempo é um recurso escasso.

Ainda bem que existem plataformas de gestão como a Conta Azul, que centraliza todos os seus dados em um único sistema e fornece relatórios automáticos com toda a informação que você precisa para fazer sua análise de KPI.

Com relatórios gerenciais como o DRE, fluxo de caixa, vendas e giro de estoque, por exemplo, você tem uma visão mais aprofundada do negócio e consegue tomar decisões rapidamente para melhorar seus resultados.

Além disso, ainda conta com módulos específicos para gerenciar suas vendas, emitir notas fiscais, fazer a conciliação bancária, acompanhar contas a pagar e a receber, controlar o estoque e muito mais.

E agora, está mais seguro para usar indicadores financeiros no seu negócio e seguir o caminho do sucesso?

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