Fluxo de caixa livre: o que é e como controlar

Fluxo de caixa livre: entenda o que é

Como será o futuro da sua empresa, os próximos meses e anos? Será de superávit ou déficit? Você terá que renegociar dívidas, enfrentará o risco de fechar as portas ou, ao contrário, contará com dinheiro sobrando para investir e crescer? Se não tem a resposta, precisa saber o que é fluxo de caixa livre e aprender como controlar melhor suas finanças.

Um sistema de gestão que conecta as áreas da sua empresa: do financeiro ao comercial

O que é o fluxo de caixa livre

Nas suas contas pessoais, um exercício fundamental de educação financeira é anotar tudo o que recebe (seu salário líquido e eventuais comissões) e o que gasta (do cafezinho à parcela do empréstimo) para então obter um diagnóstico, identificando se falta ou sobra dinheiro no mês e projetando os meses seguintes. A partir daí, tem as informações que precisa para decidir entre apertar ainda mais os gastos, poupar ou investir.

Em uma empresa, funciona da mesma forma, mas com um maior nível de complexidade. Ao conhecer suas receitas e despesas operacionais, descontando o valor destinado aos pagamentos obrigatórios, você obtém o fluxo de caixa livre, ou fluxo de caixa final, que equivale ao saldo disponível. Se positivo, permite investimentos. Se negativo, exige ajustes para sair do vermelho.

Além de medir a capacidade de geração de caixa em curto, médio e longo prazos, é também através desse instrumento que o empreendedor consegue remunerar acionistas com dividendos ou quitar dívidas contraídas pelo negócio.

Acionistas, dividendos… Estamos falando de uma ferramenta restrita às grandes empresas? Não se engane: como veremos a seguir, micro e pequenos empreendedores não podem abdicar dessa análise, sob pena de comprometer o crescimento do negócio ou mesmo a sua continuidade.

Por que controlar o fluxo de caixa

Na área contábil, os conceitos por vezes mudam, mas não os seus objetivos. O consultor financeiro Francisco Cavalcante, diretor da Cavalcante Associados, por exemplo, considera que o termo fluxo de caixa livre perdeu força e que o mais indicado atualmente é conhecer e separar o fluxo de caixa operacional do fluxo de caixa final.

Na prática, o final (que equivale ao livre) pode, por exemplo, confirmar ou reverter a projeção de superávit obtida no operacional, depois de descontados o pagamento do serviço da dívida ou o recebimento de novos empréstimos.

Mas não se apegue às expressões. O que você, empreendedor, precisa saber é que não há como manter sua empresa sem esse tipo de controle de entradas e saídas do caixa, gerando relatórios ou mesmo gráficos, cuja análise permite melhor planejar o futuro da empresa.

E quando falamos em futuro, a importância do instrumento aumenta, afinal você não estará apenas vendo que no mês passado gastou mais do que faturou, mas poderá projetar o quanto seu caixa registrará de receitas e despesas.

Em ambas estratégias, pode colocar em prática medidas de ajuste para preservar a saúde financeira do seu negócio. A diferença básica aqui é que, com o fluxo de caixa projetado, elas não serão apenas corretivas e reativas, mas preventivas e proativas, evitando a confirmação de prejuízos.

Como projetar o fluxo de caixa

Conversamos com Cavalcante para explicar aqui como projetar o fluxo de caixa livre ou final. Sua recomendação é que a empresa tenha dois relatórios do tipo: um com visão em curto prazo (entre 60 e 90 dias) e outro no médio a longo prazo (de dois a cinco anos).

Obviamente, quanto mais longa for a projeção, menor será a confiabilidade dos resultados, mas a incerteza futura não supera as vantagens do método.

Na projeção em curto prazo, você irá buscar as informações que o seu caixa operacional prevê para os próximos dias e semanas. Para isso, precisa saber quais são suas despesas fixas e variáveis, seus custos diretos e indiretos e suas fontes de receita - tudo aquilo que está relacionado com a operação do negócio.

Alguns componentes têm valores facilmente identificáveis, como é o caso do aluguel ou mesmo da conta de energia, cujo histórico permite realizar uma estimativa. Já quanto se fala em previsão de receitas, como na entrada de caixa por vendas, não haverá precisão, mas aproximação.

A sugestão de Cavalcante é gerar duas linhas, tal qual um gráfico. Na primeira, você terá o acompanhamento diário ou semanal pelos próximos 60 a 90 dias das entradas e saídas operacionais, onde pode observar como resultado um déficit ou superávit. Na segunda, faz a comparação a partir do pagamento do serviço da dívida e, ao final, pode confirmar ou não a expectativa anterior.

Um exemplo é sempre válido: imagine que sua análise identifica um fluxo de caixa operacional sistematicamente positivo, ou seja, você enxerga uma linha na qual sempre entra mais dinheiro do que sai pelos próximos dois ou três meses. Mas a segunda linha traz uma amortização de empréstimo e o que era superávit vira déficit no fluxo de caixa final. Temos um problema futuro a resolver, não é mesmo?

Quanto à projeção em longo prazo, funciona da mesma forma, mas em um horizonte maior. Como você já tem uma previsão mensal operacional e final, não é necessário aqui projetar dia a dia, mas estender a análise a bases anuais.

E se você é proprietário de um negócio novo, com poucos meses de atuação, será que vale projetar o fluxo de caixa no longo prazo? Vale, sim. “Qualquer projeção é melhor que projeção nenhuma”, afirma Cavalcante. “Não é a busca por uma certeza, mas por um rumo”, completa.

Mas dá para fazer essa projeção sozinho ou preciso de auxílio especializado? A depender da sua estrutura, pode apenas delegar a tarefa de elaboração dos dois documentos de fluxo de caixa. Já se a empresa é muito pequena e o dono é também o executivo, pode realizar a análise, desde que tenha conhecimento e tempo. Caso contrário, a contratação de uma assessoria é opção. Mas atenção: ela não deve ser permanente e o controle e a alimentação dos dados são demandas internas.

O que fazer com os resultados

Como você viu neste artigo, o fluxo de caixa livre ou final conversa com o futuro e viabiliza a construção de estratégias para decisões que não podem ser tomadas em apenas 24 horas. Para encerrar, vamos listar algumas ações possíveis a partir dos resultados obtidos em projeções de curto ou longo prazo.

  • Em casos de superávit: se há previsão de sobrar dinheiro, o empreendedor deve decidir como aplicar os recursos ociosos, talvez acelerando o crescimento, investindo na compra de um estoque estratégico, na abertura de novas unidades e lançamento de produtos ou aumentando um pouco o prazo de financiamento da venda em determinado segmento.
  • Em casos de déficit: com o sinal vermelho acionado, talvez seja preciso renegociar com os fornecedores e bancos ou pedir mais dinheiro a eles. Um déficit pode envolver ainda a busca por um novo sócio, seja para ajudar a pagar as dívidas ou para obter o capital necessário para o ingresso em novos negócios. Já em uma situação extrema, indica a necessidade de planejar o encerramento das atividades.

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E você, que atenção tem dado à projeção do fluxo de caixa na sua empresa? Comente!

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