Gestão do Negócio

Fluxo de caixa livre: o que é e como calcular

Marcio Roberto Andrade Marcio Roberto Andrade | Atualizado em: 07/07/2023 | 11 mins de leitura | ← voltar

Sobre o que estamos falando?

  • O fluxo de caixa livre aponta quanto dinheiro a sua empresa tem disponível após quitar as suas obrigações financeiras;

  • Projetá-lo e saber como usar esse saldo é essencial para uma boa gestão das finanças e na tomada de decisões estratégicas.

  • Entenda o conceito de fluxo de caixa livre e veja como calculá-lo. 

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Calcular o fluxo de caixa livre e projetar seus valores periodicamente são tarefas indispensáveis para manter uma boa organização financeira empresarial.

Afinal, ao ter clareza sobre o saldo positivo da empresa, você garante processos financeiros mais bem definidos, consegue planejar novos investimentos, formar uma reserva de emergência e embasar as tomadas de decisões. Tudo isso contribui para um crescimento mais sustentável.

Sabendo da importância de acompanhar os recursos que entram e saem do negócio, preparamos este artigo para explicar o que é fluxo de caixa livre. Confira também como gerenciá-lo da forma correta e como realizar o cálculo. Boa leitura!

Acompanhe os tópicos:

Fluxo de caixa livre

O que é o fluxo de caixa livre

Fluxo de caixa livre corresponde ao dinheiro que uma empresa tem disponível depois de quitar todas as suas obrigações financeiras. Ou seja, trata-se do saldo positivo que sobra após os pagamentos necessários para o funcionamento do negócio. 

Para entender melhor a importância do fluxo de caixa livre, um exemplo válido é comparar seu uso ao controle das finanças pessoais. 

No dia a dia, é importante anotar tudo o que você recebe e o que gasta, do cafezinho à parcela do empréstimo. Isso é essencial para saber se falta ou sobra dinheiro no mês, decidindo entre poupar, investir ou apertar mais os gastos nos meses seguintes.

Em uma empresa, funciona da mesma forma. Contudo, há um maior nível de complexidade. Ao conhecer suas receitas e despesas operacionais, descontando o valor destinado aos pagamentos obrigatórios, você obtém o fluxo de caixa livre, que equivale ao saldo disponível. 

Se ele for positivo, permite investimentos. Caso seja negativo, exige ajustes no controle financeiro para sair do vermelho.

Além de medir a capacidade de geração de caixa em curto, médio e longo prazos, é também por meio do fluxo de caixa livre que o empreendedor consegue remunerar os acionistas com dividendos. O mesmo vale para quitar dívidas contraídas pelo negócio.

Acionistas, dividendos… Estamos falando de uma ferramenta restrita às grandes empresas? Não se engane: como veremos a seguir nenhum negócio pode esquecer dessa análise, sob pena de comprometer seu crescimento ou mesmo a sua continuidade.

Como calcular o fluxo de caixa livre? 

Agora que você sabe da importância do fluxo de caixa livre, o conceito deve ser posto em prática para beneficiar a gestão financeira empresarial do seu negócio. 

O processo de cálculo é relativamente simples. Para obter o resultado, basta somar o Fluxo de Caixa de Investimentos ao Fluxo de Caixa Operacional. Ele é equivalente ao Ebtida que consta na sua Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A fórmula fica assim:

Fluxo de Caixa Livre (FCL) = FCO + FCI

Sendo:

  • FCO: Fluxo de Caixa Operacional – representa ao fluxo de operação da empresa menos os seus gastos com industrialização, comercialização e prestação de serviços;

  • FCI: Fluxo de Caixa de Investimentos – corresponde aos investimentos feitos no imobilizado ou intangível do negócio. Por ser custo, o valor é lançado como negativo.

Imagine que, no último trimestre, a sua empresa teve R$500.000,00 de receitas. Já os seus custos no período foram de R$ 250.000,00. Considerando os ganhos da operação menos os seus gastos, o Fluxo de Caixa Operacional (FCO) foi de R$ 250.000,00.

Além disso, foram investidos R$ 100.000,00 em melhorias nos serviços e na infraestrutura. Esse valor deve ser lançado como negativo, pois representa uma saída de caixa. Assim, o Fluxo de Caixa de Investimentos (FCI) foi de -R$ 100.000,00.

Com base nesse exemplo, veja como calcular o fluxo de caixa livre da empresa aplicando a fórmula na prática:

  • FCL = R$ 250.000,00 + (-R$ 100.000,00)
  • FCL = R$ 150.000,00

Portanto, depois de pagar todas as despesas operacionais e de investimentos, você ainda obteve um caixa positivo de R$ 150.000,00. O valor pode ser utilizado para distribuir dividendos, pagar dívidas ou reinvestir em novos projetos.

Caso você tenha dúvidas em como calcular o fluxo de caixa livre, entre em contato com o seu contador. Ele é o profissional mais indicado para esclarecer esses questionamentos. 

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Por que controlar o fluxo de caixa

Fazer o controle de fluxo de caixa é indispensável na gestão financeira de empresas. Isso porque essa ferramenta permite ao empreendedor saber como o dinheiro que sobra está sendo administrado. O que contribui para tomadas de decisões melhores. 

Sem esse cuidado, o dono do negócio acaba perdendo o controle sobre os valores que recebe e sobre suas respectivas obrigações. 

Entre os principais desafios, estão a falta de dinheiro para pagar contas, atrasos nos pagamentos, endividamento e até falência. Além disso, esse monitoramento ajuda o fechamento de caixa, no que diz respeito a identificar oportunidades de investimento.

Na área contábil, os conceitos por vezes mudam, mas não os seus objetivos. O consultor financeiro Francisco Cavalcante, diretor da Cavalcante Associados, por exemplo, considera que o termo fluxo de caixa livre perdeu força. 

Nesse sentido, o mais indicado atualmente seria conhecer e separar o fluxo de caixa operacional do fluxo de caixa final.

Na prática, o final (que equivale ao livre) pode, por exemplo, confirmar ou reverter a projeção de superávit obtida no operacional. Isso depois de descontados o pagamento do serviço da dívida ou o recebimento de novos empréstimos.

Mas não se apegue às expressões. O que você precisa saber é que não há como manter sua empresa sem esse tipo de controle de entradas e saídas do caixa. Ao gerar relatórios ou mesmo gráficos, esse tipo de análise permite melhor planejar o futuro.

Em ambas estratégias, o foco é colocar em prática medidas de ajuste para preservar a saúde financeira do negócio. A diferença básica é que, com o fluxo de caixa projetado, elas não serão apenas corretivas e reativas, mas preventivas e proativas, evitando a confirmação de prejuízos.

Como projetar o fluxo de caixa

Sabendo qual é o conceito de fluxo de caixa livre e como calculá-lo, basta utilizar a sua fórmula para projetar este valor e otimizar o controle financeiro empresarial.

Ou seja, você deve levantar o seu Fluxo de Caixa Operacional, subtrair os valores do Fluxo de Caixa Investido e utilizar o resultado final para embasar uma melhor organização financeira.

Tão importante quanto conhecer o cálculo, é definir uma periodicidade adequada para realizá-lo. Isso garante que as projeções sejam pertinentes às decisões do gestor.

Para definir os períodos, voltamos aos apontamentos de Francisco Cavalcante. Sua recomendação é que a empresa tenha dois relatórios do tipo: um com visão em curto prazo (entre 60 e 90 dias) e outro no médio a longo prazo (de dois a cinco anos).

Confira os tipos de projeções do fluxo de caixa. 

Projeção em curto prazo

Na projeção em curto prazo, você irá buscar as informações que o seu caixa operacional prevê para os próximos dias e semanas. 

Para isso, é preciso saber quais são suas despesas fixas e variáveis, seus custos diretos e indiretos e suas fontes de receita. Ou seja, tudo aquilo que está relacionado com a operação do negócio.

Alguns componentes têm valores facilmente identificáveis. Esse é o caso do aluguel ou mesmo da conta de energia, cujo histórico permite realizar uma estimativa. Já na previsão de receitas, como na entrada de caixa por vendas, não haverá precisão, mas aproximação.

A sugestão de Cavalcante é, se você usar planilhas, gerar duas linhas, tal qual um gráfico. Na primeira, insira o acompanhamento diário ou semanal pelos próximos 60 a 90 dias das entradas e saídas operacionais. O objetivo é observar se o resultado será um déficit ou superávit. 

Já na segunda linha, você deve fazer a comparação a partir do pagamento do serviço da dívida. Assim, no final, pode confirmar ou não a expectativa anterior.

Imagine que sua análise identifica um fluxo de caixa operacional sistematicamente positivo. Nela, há uma linha na qual sempre entra mais dinheiro do que sai pelos próximos dois ou três meses.

Nesse caso fictício, se a segunda linha apresentar uma amortização de empréstimo, por exemplo, o que era superávit acaba se tornando um déficit no fluxo de caixa final. Isso significa que há um problema futuro a resolver.

Projeção em longo prazo

Quanto à projeção em longo prazo, funciona da mesma forma. Entretanto, o horizonte é maior. Como você já tem uma previsão mensal operacional e final, não é necessário aqui projetar dia a dia, mas estender a análise a bases anuais.

E se você é proprietário de um negócio novo, com poucos meses de atuação, será que vale projetar o fluxo de caixa no longo prazo? Vale, sim. “Qualquer projeção é melhor que projeção nenhuma”, afirma Cavalcante. “Não é a busca por uma certeza, mas por um rumo”, completa.

Mas dá para fazer essa projeção sozinho ou preciso de auxílio especializado? A depender da sua estrutura, pode apenas delegar a tarefa de elaboração dos dois documentos de fluxo de caixa. 

Já se a empresa ainda está começando, geralmente o dono é quem fica responsável por essa parte mais administrativa, desde que tenha tempo e os conhecimentos necessários. Caso contrário, contratar uma assessoria é opção. Mas atenção: ela não deve ser permanente e o controle e a alimentação dos dados são demandas internas.

Fluxo de caixa livre

Fiz a projeção do caixa: o que eu faço com os resultados?

Como você viu neste artigo, o fluxo de caixa livre viabiliza a construção de estratégias para decisões que não podem ser tomadas em apenas 24 horas. Trata-se de um processo que tem consequências a longo prazo e, quando realizado de maneira assertiva, a empresa só tem a ganhar. 

Confira agora algumas ações possíveis a partir dos resultados obtidos em projeções de curto ou longo prazo: 

  • Em casos de superávit: se há previsão de sobrar dinheiro, o empreendedor deve decidir como aplicar os recursos ociosos, talvez acelerando o crescimento, investindo na compra de um estoque estratégico, na abertura de novas unidades e lançamento de produtos ou aumentando um pouco o prazo de financiamento da venda em determinado segmento.

  • Em casos de déficit: com um fluxo negativo, talvez seja preciso renegociar com os fornecedores e bancos. Um déficit pode envolver ainda a busca por um novo sócio, seja para ajudar a pagar as dívidas ou para obter o capital necessário para o ingresso em novos negócios. Já em uma situação extrema, indica a necessidade de planejar o encerramento das atividades.

O controle financeiro para empresas é vital, tanto para promover um crescimento sustentável, quanto para garantir a sua própria sobrevivência no mercado.

Com um bom sistema ERP online, você consegue acompanhar em tempo real todas as suas demandas. Isso vai desde a gestão do fluxo de caixa, até as análises de pagamentos, conciliações bancárias, DRE gerencial e muitos outros relatórios.

A Conta Azul Pro é a plataforma de gestão mais completa para você administrar as finanças do seu negócio de forma prática, assertiva e integrada. Se você gostou de saber mais sobre fluxo de caixa livre, veja como essa ferramenta otimiza o seu controle financeiro! 

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