Gestão do Negócio

Produção enxuta: como alcançar em sua empresa

Vinicius Roveda Vinicius Roveda | Atualizado em: 07/07/2023 | 6 mins de leitura | ← voltar

Produção enxuta em pequenas empresas

Produção enxuta, numa definição ampla, significa todo processo que elimina desperdícios. Para tanto, devem ser empregadas uma série de ferramentas de medição, fórmulas e procedimentos que têm como foco, invariavelmente, o cliente final. Quer saber como fazer dessa a realidade na sua empresa? Este artigo vai encarar o desafio.

Lean Manufacturing, a base da produção enxuta

O termo produção enxuta é, de certa forma, a tradução de lean manufacturing, um conjunto de técnicas que objetiva a redução dos desperdícios comuns às atividades fabris, embora não sejam sinônimos.

Na verdade, ela pode ser considerada como uma extensão dos processos desencadeados a partir da implementação das técnicas de lean manufacturing.

Ambos têm como origem histórica o penoso processo de reestruturação da Toyota, a montadora de carros japonesa, que no período pós-Segunda Guerra Mundial se viu completamente sem rumo.

Num país arrasado pelo conflito militar, não havia alternativa: ou a empresa levaria muito a sério a eficiência, ou sucumbiria perante concorrentes fortíssimos, como era a Ford.

Era questão de vida ou morte, afinal, dada a escassez de recursos, não restava escolha para a Toyota, a não ser tirar o máximo proveito do que tinha disponível. A margem de erro deveria ser reduzida a zero.

Uma junta composta por engenheiros e cientistas japoneses orientou as ações nas quais as empresas nipônicas deveriam se pautar.

Valeram-se, para tanto, da parceria com os norte americanos e as injeções de capitais com origem no Plano Marshall, que consistiu no apoio aos países europeus e ao Japão no período pós-guerra.

Voltando ao lean manufacturing, diante da necessidade de reerguer o país, os engenheiros e cientistas japoneses chegaram a uma conclusão para alcançar a máxima eficiência: o foco da produção deveria ser a satisfação do cliente. Todos os processos, metas e melhorias deveriam atender a esse único e inegociável objetivo.

Em linhas bastante gerais, lean manufacturing tem como meta principal a redução do tempo decorrido entre a solicitação de um cliente e a entrega do produto. Entre uma fase e outra, as perdas deverão ser completamente eliminadas.

Kaizen e a melhoria contínua

Kaizen, numa tradução livre do idioma japonês, significa “melhorar continuamente”. Adaptada ao universo corporativo, ganha um sentido de aperfeiçoamento de técnicas, visando aumentar a eficiência e a produtividade.

Assim, será possível produzir mais, de preferência com os mesmos recursos, entregar produtos melhores e até gerenciar melhor aspectos de um negócio como compra de insumos e controle de estoque.

Para compreender melhor a aplicação do Kaizen, que pode ser replicada em empresas pequenas e médias com resultados igualmente positivos, é preciso manter o foco em atender às necessidades do cliente. É dele que parte a orientação geral, que deverá pautar toda a produção enxuta.

É diferente do que se vê em grande parte das empresas, que orientam sua produção com base em estimativas. Quem opera dessa forma, geralmente se confronta com problemas como excesso de itens em estoque, baixa rotatividade de produtos e mão de obra ociosa.

Portanto, a partir da melhoria contínua, a empresa estará permanentemente engajada em aperfeiçoamentos pontuais. Isso significa que, ao longo da produção, estarão sendo feitos ajustes em máquinas, processos, delegação de atividades e tudo que for preciso para corrigir falhas que afetem a qualidade do produto final.

Essas melhorias são também chamadas de setups. Significa que, antes de a produção começar, deverão ser feitos ajustes, como aferição e calibragem de equipamentos, abastecimento com insumos e tudo que for preciso para que seja possível produzir.

Isso impõe outra solução a ser adotada: a da própria otimização desses setups. Afinal, se uma empresa consome tempo demais aperfeiçoando métodos, estará sacrificando a própria produtividade, o que iria de encontro ao que preconiza o Kaizen.

Logo, o Kaizen deve ser compreendido como a melhoria contínua dos processos que levam a produzir mais e melhor. O setup passa a ser realizado em menos tempo, e a consequência direta disso é a produção enxuta.

Como detectar falhas e corrigi-las

Se estamos falando de processos que objetivam a correção de falhas, é aprendendo a identificá-las que tudo deve começar. Entre as diversas ferramentas para detecção de problemas, está o Diagrama de Ishikawa.

Também conhecido como Diagrama 6M ou Diagrama de Causa e Efeito, tem como vantagem sua adaptabilidade a diversos cenários.

Não importa se a empresa é pequena, média ou um grande conglomerado. Com essa técnica, será mais assertiva a indicação de eventuais erros que possam gerar prejuízos para sua posterior correção.

Outra forma de identificar possíveis falhas é lançar mão da Metodologia Six Sigma. De forma análoga ao Diagrama de Ishikawa, com o método, a detecção das falhas se torna mais precisa. O foco, igualmente, é sempre na melhoria dos processos e no aumento da qualidade do produto final.

Há ainda uma terceira ferramenta utilizada para correção de falhas após sua detecção. É o Ciclo PDCA, sigla em inglês cujo significado é:

  • P (Plan): consiste no planejamento, em que são traçados os objetivos e os processos necessários para alcançar os resultados desejados. Não se deve, entretanto, confundir os objetivos de produção com os de lucro.
  • D (Do): após o planejamento, chega o momento de colocar em ação os processos anteriormente estabelecidos como forma de se chegar ao produto final.
  • C (Check): uma vez obtidos os resultados, eles deverão ser medidos e comparados com as expectativas estipuladas na fase de planejamento. Nessa fase, eventuais erros poderão ser detectados e sua correção deverá visar o cumprimento das metas propostas anteriormente.
  • A (Act): a ação consiste em tomar as providências que se fizerem necessárias para corrigir falhas. Uma vez implementadas, o ciclo se reinicia, exigindo novas ações dentro das quatro fases sugeridas.

Produzir de forma enxuta não é simples

Embora seja possível compreender de forma ampla o que significa a produção enxuta, sua efetiva realização depende de uma série de ações conjuntas. Uma delas, por exemplo, exige desenvolver a produção exatamente daquilo que o cliente deseja. Não é simples, embora uma análise superficial possa nos levar a crer o contrário.

Portanto, a produção enxuta, para ser alcançada, exige total conhecimento do que o cliente precisa e grande capacidade de adaptação às mudanças. Você se sente preparado para isso?

O que achou do conceito de produção enxuta? Como vê a sua aplicação na empresa? Comente!

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