Controle Financeiro

Corte de custos fixos e custos variáveis pede tesouras diferentes

Marcio Roberto Andrade Marcio Roberto Andrade | Atualizado em: 07/07/2023 | 6 mins de leitura

Custos fixos e custos variáveis

Você pode ter uma consultoria, loja no varejo ou mesmo uma pequena indústria. Não importa em qual setor empreenda, precisa lidar diariamente com custos fixos e custos variáveis. Entender como cada um se relaciona com as finanças do negócio é o primeiro passo para pegar a tesoura e colocar em prática a sua estratégia de redução de despesas.

Diferenciando custos fixos e custos variáveis

Em comum, custos fixos e custos variáveis representam a saída de capital da empresa, mas sem eles não há como tocar o negócio. Entenda melhor ao identificar o que cada um representa no seu dia a dia.

Custos fixos

Esse é um tipo de despesa que não muda conforme o volume de produção ou de vendas, por exemplo. Seu valor até pode ser alterado por algum reajuste, mas ainda assim representa um gasto fixo, repetindo-se mês a mês e integrando a estrutura do negócio.

São exemplos de custos fixos:

  • Contas de água e de energia elétrica
  • Aluguel e condomínio
  • Folha de pagamento
  • Telefonia e internet
  • Material de limpeza
  • Serviços de vigilância e segurança.

Custos variáveis

Estão diretamente relacionados com a produção ou as vendas. Por isso, ficam sujeitos a mudanças de um período para outro. Quanto mais se produz ou vende, maior é a necessidade de matéria-prima e, por consequência, o gasto para manter o negócio em funcionamento.

São exemplos de custos variáveis:

  • Matéria-prima e insumos diretos
  • Impostos, tributos e taxas
  • Comissão de vendas
  • Fornecedores
  • Embalagens
  • Manutenção de equipamentos.

Importante: a energia elétrica é um caso à parte. Embora se trate de uma despesa fixa, pode também se enquadrar entre os custos variáveis, considerando o gasto relacionado à produção.

Para entender melhor, imagine que você tenha que contratar mão de obra temporária em determinado mês para atender a uma demanda especial. Para executar esse trabalho, a produção gerou um aumento no consumo de energia de 30%. Esse percentual representa um custo variável, relacionado às operações e com o qual você não contava.

Como realizar cortes nos custos

Não há como cortar custos na empresa sem conhecê-los, não é mesmo? Então, esse é o passo básico da sua estratégia de gestão de despesas. Faça um levantamento de todos os gastos (dos menores aos maiores) em períodos diferentes: semanal, mensal e anual, por exemplo.

Esse diagnóstico financeiro permitirá definir os ajustes a realizar. E aqui vale destacar que não há uma solução única que se aplique a todo o tipo de despesa: cada custo, seja ele fixo ou variável, exige uma tesoura diferente.

Tesoura do consumo consciente

Fácil de entender, mas por vezes difícil de colocar em prática. As lições do consumo consciente vêm de casa. Se no ambiente doméstico as boas práticas incluem tomar banhos menos demorados e apagar luzes em cômodos vazios, na empresa também há muito a fazer para economizar água e luz.

Analise os processos para encontrar possíveis fugas. Um pequeno vazamento no banheiro já pode ter impacto significativo no valor pago mensalmente na fatura. Da mesma forma, a falta de manutenção em equipamentos pode prejudicar seu desempenho e aumentar o consumo de energia. Você provavelmente se surpreenderia também ao identificar o quanto gasta a mais com ar-condicionado apenas pelo fato de o aparelho estar exposto ao sol.

Tesoura da negociação

Outra estratégia para redução de custos inclui a famosa barganha. No aluguel, por exemplo, é possível negociar valores antes de contratar ou solicitar uma revisão do contrato em vigor. Já com telefonia e internet, é importante exercer seu papel de consumidor, buscando o plano que melhor se encaixa na necessidade e realidade financeira da empresa. Não contrate o que não irá usar.

E a comissão de vendas, tem como negociar? Cada caso é único, mas em cenários de economia instável, mais vale ao colaborador manter seu emprego com alguma concessão. É com base nessa realidade que você pode montar uma estratégia para convencê-lo a aceitar uma redução, ao menos temporária. Só não há como cortar na folha de pagamento, seja no salário ou em benefícios trabalhistas.

Tesoura da pesquisa

Essa tesoura é ampla e com ela é possível cortar uma série de custos fixos e variáveis. Pense e aja da mesma forma como no supermercado: compare preços e descubra onde comprar matéria-prima e demais insumos, além de materiais de limpeza, por menores preços e melhores condições.

Com relação aos fornecedores, vale usar duas tesouras: com a pesquisa antes de contratar e com a negociação se essa etapa já tiver sido vencida. O mesmo pode ser feito se a sua empresa contrata de serviços de vigilância e segurança.

Tesoura da gestão

Essa é uma tesoura maleável. Para usá-la, tome como base uma lição básica: sempre é possível cortar um pouquinho mais. Lembre-se: faturamento alto, sozinho, não significa boa gestão financeira. Você pode estar vendendo muito, mas gastando mais ainda – e gastando mal.

O uso racional dos recursos é a ferramenta aqui. Tome como exemplo duas situações comuns ao controle de estoque: esquecer insumos ao ponto de perderem a validade e comprar outros que se acumulam, esquecidos em um canto. Tenha total controle de entradas e saídas de produtos.

Tesoura da organização

Com relação a impostos, tributos, taxas e outras contas, partir para a sonegação ou a inadimplência é o pior caminho. A falsa ideia de economia cobra um preço mais alto, talvez com multas que inviabilizem a continuidade das operações.

Só se reduz esse tipo de despesa conhecendo quais são as obrigações tributárias da empresa e organizando-se para não perder nenhum prazo, o que geraria também juros. Contar com um sistema integrado de gestão pode ser o passo decisivo para manter essa tesoura bem afiada.

Controle os custos fixos e variáveis

Além do reflexo positivo para as finanças, permitindo planejar melhor o orçamento, por exemplo, o conhecimento sobre os custos fixos e variáveis garante subsídios para precificar seus produtos e serviços.

Isso acontece porque, para definir o preço de venda, uma das etapas é calcular as despesas e chegar a uma margem de lucro desejada. Ou seja, o custo que você repassará ao cliente terá que cobrir aquilo que gasta para produzir e manter a estrutura do negócio.

Não há como chegar a uma equação de sucesso sem colocar em prática um rigoroso controle do fluxo de caixa, que é parte imprescindível da boa gestão financeira. Contar com o suporte de ferramentas eficientes e ouvir as dicas do seu contador tornam esse desafio bem menos complicado.

Ficou com dúvidas sobre as diferenças entre custos fixos e custos variáveis? Deixe um comentário.

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