Gestão do Negócio

Participação nos lucros: você divide os ganhos com os colaboradores?

Vinicius Roveda Vinicius Roveda | Atualizado em: 07/07/2023 | 6 mins de leitura

Participação nos lucros depende de acordo

A sua empresa tem diretrizes de participação nos lucros? Ou você acha que dividir os ganhos com os colaboradores é coisa para peixe grande? Como veremos neste artigo, há boas razões para você cogitar a ideia, que pode ter reflexos positivos no desempenho do negócio.

Participação nos lucros e produtividade

A participação nos lucros é considerada uma boa estratégia para aumentar a produtividade. Ao contrário do que se possa imaginar, até mesmo em pequenas empresas, a divisão das receitas pode ser realizada e com resultados positivos.

No entanto, a falta de informação afeta as empresas, que persistem no entendimento equivocado de que dividir lucros diminui as receitas. Essa falsa ideia, somada a barreiras diversas na implementação da Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), cria uma conjuntura desfavorável ao crescimento do negócio.

Pensando nisso, o guru do marketing digital Neil Patel lançou um desafio. O requisito para participar é aceitar dividir os lucros com funcionários. Como prêmio, a empresa vencedora ganhará uma consultoria completa com ele. Mais de cinco mil empresas brasileiras decidiram participar.

O que diz a lei sobre a participação nos lucros

A Lei 10.101/2000 regula a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. No artigo 1º, já fica clara a disposição de regulamentar a divisão nos lucros como forma de estímulo à produtividade. Essa é a premissa que orienta a participação nos lucros.

Empregados que trabalham orientados pelo aumento na lucratividade são, de acordo com o entendimento legislativo, mais produtivos. Dessa forma, as empresas também ganham, pois passam a gerar resultados que não seriam possíveis se os colaboradores não recebessem o incentivo da PLR.

No caso do desafio de Neil Patel, acrescenta-se um outro objetivo de longo alcance. De acordo com o guru, empresas pequenas, quando crescem e não dividem seus lucros, têm seus talentos “roubados” por empresas maiores e que podem pagar salários mais altos.

Estimular a divisão dos lucros, segundo Patel, é a maneira que empresas em crescimento têm de evitar a evasão de seus melhores empregados, já que eles passam a evoluir no compasso do negócio.

A última consequência da saída de talentos para empresas maiores é, de acordo com Patel, a perda da capacidade de inovar. Em empresas maiores, a tendência, por força de seus mercados mais consolidados, é não arriscar muito.

Esse conservadorismo vai na contramão dos novos empreendimentos, a quem se credita a maior parte da inovação disruptiva, conceito muito em voga no universo das startups.

O desafio, pelo número de empresas inscritas, já pode ser considerado um sucesso. Os estados do Rio de Janeiro e São Paulo são os que mais têm participantes, com mais da metade das inscrições registradas. Outro estado brasileiro com expressivo número de candidatas é o Paraná, com mais de 260 inscrições confirmadas.

Como implementar a PLR e definir critérios

Empresas que optam por repartir os lucros entre seus funcionários devem, antes de efetivar a distribuição dos dividendos, definir metas atingíveis. Essas metas precisam ser acordadas previamente, afinal, conforme a lei, saber os critérios envolvidos na premiação é um direito do trabalhador.

Se a empresa divide os lucros sem ter exposto claramente aos seus colaboradores como essa divisão será feita, ela arrisca ser penalizada ou notificada pela Delegacia Regional do Trabalho.

A periodicidade dos pagamentos aos funcionários premiados pode ser semestral ou anual. Os colaboradores devem ser representados por um comitê, que intermedia as negociações sobre as metas a serem atingidas, garantindo assim que os objetivos sejam possíveis de realizar.

Não se pode deixar de observar que, se os funcionários participam da premiação, é justo e coerente que eles definam seus critérios, forma de recebimento e estipulem as metas junto com seus líderes.

A remuneração pode ser estipulada com base em percentuais sobre o salário ou seguindo um orçamento definido previamente. Por exemplo, para cada R$ 1,00 que a empresa lucrar acima da meta, o funcionário ganharia 20% de comissão.

Outro aspecto que deve ser contemplado é em relação às metas que deverão ser batidas por setor e, dentro de cada setor, as respectivas metas individuais. É importante, ainda, estabelecer métricas que sirvam para referenciar as premiações. O objetivo será quantitativo? Ou a meta será aumentar a qualidade com base em X indicadores?

Definir critérios sólidos, é fundamental para que a PLR a ser implementada sirva como fator motivacional e não motivo de discórdia. Quando bem planejada e executada, a política de premiações gera maior engajamento, uma vez que insere o colaborador em objetivos mais amplos.

Ele deixa de perceber a empresa como um lugar onde só aparece para bater ponto e receber seu salário, para se tornar um elemento ativo dentro da missão corporativa.

Por que as empresas não aderem à divisão dos lucros

Além da falta de informação, um entrave que dificulta a adoção da PLR nas empresas, principalmente as pequenas, é a dificuldade que organizações têm em estabelecer canais de negociação com os colaboradores, em especial através de sindicatos.

Um erro comum se dá quando as empresas entendem a distribuição de lucros apenas como um gasto que não traz nenhuma contrapartida. É um engano, afinal, se a participação nos lucros é vinculada ao aumento nos lucros, significa que todos saem ganhando. Para resultados coletivos, ganhos coletivos.

Outro ponto que deve ser abordado antes de implementar a PLR é em relação à distribuição dos lucros entre os sócios. A distinção entre lucro e pró-labore deve ser rigorosamente definida, o que pode até estar previsto no contrato social da empresa. Se for o caso, é menos uma etapa a ser cumprida.

Um ponto importante da divisão dos lucros é que eles não são tributáveis, ou seja, são isentos de Imposto de Renda. Portanto, é mais um fator que motiva as empresas a remunerar seus colaboradores em função de metas atingidas.

Considerações finais

A participação nos lucros é uma maneira justa de remunerar. Ela torna os colaboradores mais engajados com os objetivos corporativos em sentido amplo. Usar essa forma de recompensar as pessoas estrategicamente pode elevar as chances do negócio crescer. Obviamente, estudo e planejamento, somados à organização, são necessidades para colocar esse projeto em prática. 

E você, o que acha da participação nos lucros da sua empresa? Comente!

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