Se 2016 foi ruim, quem sabe o próximo ano reserve melhores surpresas para a sua empresa? Para se preparar bem para o que vem pela frente, vale ficar por dentro das perspectivas do mercado em 2017 e identificar como aspectos econômicos e políticos podem afetar seus negócios.
Adeus, ano velho
O ano que chega ao fim não foi dos melhores para o empresário brasileiro. Foram meses de economia enfraquecida, desvalorização do real, inflação em alta, desconfiança de investidores e resultados aquém do esperado em praticamente todos os setores. No campo político, a crise se acentuou, culminando na troca de governo após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Todo esse cenário nebuloso acaba afetando os negócios, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte. E não há como ser diferente, pois a crise na economia desestimula o consumo e, com uma redução no número de pessoas comprando, menos a sua empresa fatura. Resumindo: é ruim para todos.
Analistas acreditam que a maioria dos indicadores irá encerrar 2016 ainda negativamente. Na última edição de novembro do Boletim Focus, os principais economistas do país pioraram as projeções sobre a cotação do dólar, o Produto Interno Bruto (PIB) e a produção industrial. Além disso, as expectativas de inflação e juros se mantiveram altas, em 6,72% e 13,75% ao ano, respectivamente.
Considerando todos os números que os relatórios econômicos trazem, fica a certeza que 2016 merece um adeus em alto e bom som. Ainda que para o seu negócio não tenha sido um ano de desempenho ruim, tudo indica que 2017 será melhor.
O que esperar do mercado em 2017
Com base nas projeções de mercado para o próximo ano e, considerando o contexto de uma micro ou pequena empresa, vamos analisar agora o que esperar para o futuro do seu negócio em 2017.
Inflação em baixa
A cada nova edição do Boletim Focus divulgada pelo Banco Central, cai a previsão de inflação para 2017. Na mais recente delas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi estimado em 4,93% – uma queda considerável diante da projeção atual, que é de 6,72% para este ano.
Na prática, a inflação em baixa representa desafios e oportunidades na gestão de uma empresa, o que podemos resumir em dois aspectos principais:
- Economizar nas compras: seu atual fornecedor ou novos parceiros podem lhe oferecer condições mais atrativas e até reduzirem o valor de determinados itens que a empresa precisa adquirir.
- Ajuste no preço de venda: a precificação de seus produtos e serviços deve se adaptar à essa nova realidade, mas sem alterar a necessidade de encontrar o equilíbrio entre a satisfação do consumidor e os resultados de faturamento.
Fique atento: seja qual for o impacto da inflação sobre o seu negócio, não repasse ao consumidor o custo do mercado sem conhecer detalhadamente seus custos fixos e variáveis, observar a concorrência e definir uma margem de lucro adequada.
Juros em queda
De acordo com o Boletim Focus, a taxa básica Selic deve apresentar redução significativa para o próximo ano, com queda de três pontos percentuais e chegando a 10,75%. Já de acordo com relatório de economistas da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o índice será ainda menor: 10,50%.
Mas por que isso é positivo para a sua empresa? São duas as razões principais para ficar animado:
- Possibilita investimentos: com os juros mais baixos, melhoram as condições para contratar empréstimos, adquirir equipamentos e investir em novos projetos, seja para expansão dos negócios ou lançamento de um novo produto, por exemplo.
- Atrai clientes: juros menores ajudam a aquecer a economia, pois incentivam o consumo e oferecem um cenário mais atrativo para o cliente lhe procurar e fechar negócios. Quando não é possível comprar à vista, ao menos se torna viável realizar a operação a prazo.
Recuperação do crédito
Em anos passados, as condições facilitadas resultaram em uma explosão do crédito no Brasil, incentivando o consumo mesmo entre as classes mais baixas. A crise jogou um balde de água fria nisso, prejudicando os negócios.
Tanto é assim que a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) espera neste ano uma queda de 3,2% no chamado Crédito Total do Sistema Financeiro Nacional. Mas para 2017, a expectativa é de recuperação e crescimento de até 8% – muito em razão da baixa na inflação e nos juros.
Ao Jornal do Comércio, o presidente da Acrefi, Hilgo Gonçalves, destacou aspectos positivos para as empresas nesse novo cenário que se desenha para o próximo ano, com consumidores mais conscientes e um crescimento menos acelerado que anteriormente, porém estável:
- Estímulo ao consumo
- Queda no risco de empréstimo
- Redução da inadimplência potencial.
Recuperação da economia
Não espere um 2017 avassalador, mas ao menos a economia brasileira deve sair da UTI. A boa notícia é que, depois de algum tempo em recessão, um resultado positivo é esperado para o próximo ano. A ruim é que a recuperação tende a ser mais lenta do que o previsto anteriormente.
O PIB, por exemplo, deve crescer 1% em 2017, conforme comunicado do Ministério da Fazenda. Já a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conforme o portal G1, fala em estagnação e crescimento apenas em 2018. A percepção é a mesma da economia Sílvia Matos, da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista à Agência Brasil.
Ponto em comum entre os analistas é mesmo a baixa velocidade de retomada econômica no país. Ainda assim, há consenso de que ela virá, especialmente no último trimestre de 2017. Diante desse cenário, é importante que o empreendedor esteja preparado, mantendo o controle financeiro rigoroso e realizando investimentos pontuais, nos quais mais vale ser criativo do que gastador.
Quer uma boa dica? Reveja seu planejamento estratégico para ter um ano melhor. Verifique se as metas traçadas no documento estão de acordo com o que se espera para os próximos 12 meses.
Instabilidade política
Para encerrar nossa análise do mercado para 2017, não podíamos deixar de fora o componente político. É verdade que um novo processo de impeachment não está no radar e que o próximo ano não terá eleições, mas isso não significa que o país viverá dias de tranquilidade.
Em sua entrevista à Agência Brasil, a economista Sílvia Matos destaca possíveis reformas que podem ser propostas pelo governo federal, além dos reflexos também esperados pela continuidade da Operação Lava-Jato. Tudo isso pode ampliar a instabilidade em um primeiro momento, mas deve trazer consequências positivas em uma visão futura.
A sugestão para o empreendedor é ficar atento a todos esses movimentos, especialmente antes da tomada de decisões importantes. Como em um jogo de xadrez, qualquer ação deve ser planejada, medindo bem as suas consequências.
Faça um 2017 melhor
Vimos neste artigo que 2017 deve ser um ano menos ruim no campo econômico do que foi 2016. Mas para torná-lo efetivamente melhor para a sua empresa, é preciso fazer a sua parte. Isso inclui observar os acontecimentos e olhar para dentro do próprio negócio. Assim como os analistas fazem, você precisa projetar e, para tanto, o fluxo de caixa é uma das ferramentas principais. Se dedique a ele e construa um futuro empreendedor mais promissor.
E você, quais expectativas tem para o mercado em 2017? Comente!