Controle Financeiro

Empréstimos Para Empresas: Como Obter As Melhores Condições

Marcos Perillo Marcos Perillo | Atualizado em: 30/08/2023 | 15 mins de leitura | ← voltar

Para autorizar empréstimos para empresas, bancos costumam exigir uma série de garantias financeiras difíceis de atender. Veja quais são elas.

Empréstimos para empresas são peças importantes na expansão e na sustentação dos negócios.  

Neste post, vamos entender quais são os principais entraves na busca por crédito, quais são os melhores caminhos para chegar até ele e quais são os cuidados que você deve ter antes de tomar dinheiro emprestado do banco.

Como você sabe, um novo negócio exige investimento financeiro, mas não apenas isso.

Se você não tem uma boa ideia, um plano bem estruturado e parceiros qualificados, esse dinheiro vale mais aplicado em investimento de menor risco, como a renda fixa.

Para quem tem tudo isso, mas não dispõe de recursos financeiros, financiamentos e empréstimos para empresas são maneiras de tirar do papel esse projeto.

Esse crédito pode servir não apenas para novas empresas, mas também para aquelas que buscam expandir sua atuação ou superar momentos de dificuldade nos negócios.

Ou seja, o empréstimo é uma alternativa que pode ajudar a destravar a jornada do empreendedor e levar a empresa adiante.

O problema está na busca por crédito.

Se você já pediu um empréstimo a um banco, conhece o tamanho da dor de cabeça que é apresentar todas as garantias exigidas.

Pesquisas realizadas pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) apontam que o maior motivo de recusa de crédito a empresários é justamente a falta de garantias sólidas (reais ou avalistas) por parte do solicitante.

Então, como oferecer as garantias necessárias, encontrar a melhor modalidade de crédito para o seu caso e planejar bem o que você vai fazer com o dinheiro? É o que vamos descobrir em seguida.

Empréstimo para empresas: passo a passo

Veja, abaixo, quais são as principais etapas no pedido de crédito para sua empresa:

1. Planeje

Defina com objetividade a finalidade do dinheiro e a quantia exata que será necessária.

Essas duas respostas devem ser muito claras e, a partir delas, você vai saber se pedir um empréstimo ou financiamento é realmente a melhor opção ou se não é melhor esperar e economizar o dinheiro do qual está precisando.

2. Preste atenção às suas finanças pessoais

Você vai solicitar crédito para o investimento na sua empresa, mas isso não significa que o seu CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) não será analisado.

Então, antes, certifique-se de que suas finanças pessoais estão em dia e que seu nome não consta no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) ou Serasa.

3. Pesquise as opções

Cada instituição financeira tem suas exigências, fatores de restrição, taxas, custos, prazos e limites. Isso tudo costuma variar bastante de banco para banco.

Você pode procurar por linhas de crédito destinadas especificamente à finalidade desejada – capital de giro, compra de equipamentos ou ampliação do espaço físico, por exemplo.

4. Avalie o custo efetivo total

A taxa de juros que o banco cobra em cima do valor emprestado não é o único custo que você terá ao pedir dinheiro.

Os bancos também cobram taxas administrativas e, por isso, a referência para comparar as linhas de crédito é o CET (Custo Efetivo Total).

Na dúvida sobre como calculá-lo, consulte o seu contador para que ele ajude a avaliar as melhores possibilidades.

5. Atualize seu plano de negócios

Depois de escolher qual banco oferece as melhores condições, prepare-se para convencê-lo de que o seu projeto é viável e de que você terá capacidade para pagar as parcelas.

Além das garantias exigidas, elabore um estudo com a análise de mercado ou um plano de negócios que detalhe como o dinheiro tomado será aplicado.

Assim, você vai provar que é um empresário sério e que sabe o que está fazendo.

6. Faça o pedido

Agora, basta reunir a documentação exigida pelo banco e entregá-la, junto com o plano de negócios.

Depois disso, aguarde a análise da instituição financeira e espere a confirmação ou não do financiamento / empréstimo.

4 cuidados antes de tomar empréstimo para empresa

Antes de fechar o pedido de empréstimo ou financiamento, vale a pena ficar atento a estas quatro questões:

  1. Evite decisões apressadas: não feche um pedido de empréstimo na hora, sem planejamento e sem calcular e simular adequadamente todos os custos envolvidos. Você pode acabar decretando ali um final trágico para o que deveria ser uma etapa da solução dos seus problemas.
  2. Examine condições de pagamento: não caia na tentação de aceitar o recurso se você não tiver condições de pagar as parcelas. Nessa hora, além de verificar os juros e o custo total, você precisa tomar bastante cuidado com o valor da parcela, ou ficará inadimplente. Ou seja, se os pagamentos mensais forem grandes demais para o seu planejamento, busque alternativas, tente negociar uma extensão de prazos ou aceite que aquele crédito será inviável.
  3. Determine a necessidade do empréstimo: antes de concretizar a tomada dos recursos, investigue todas as possibilidades que não envolvam juros. Será que buscar um parceiro para o empreendimento não é melhor negócio? Ou conversar com algum familiar que possa cobrar taxas menores?
  4. Pense na solução do problema: ao negociar o crédito, vale considerar a seguinte questão: a tomada do empréstimo ou financiamento vai resolver o problema de sua empresa ou possibilitar que ela cresça? Se não, é possível que você esteja apenas postergando uma medida ou diagnosticando de forma errada a sua situação financeira. Lembre-se: o crédito só funciona quando utilizado de maneira precisa, quase cirúrgica, para que a recuperação seja mais rápida e sustentável.

Como obter garantias para o empréstimo ou financiamento

Como você sabe, a falta de garantias pode emperrar a tomada de financiamento ou empréstimo para sua empresa.

Conforme o relatório Financiamento dos Pequenos Negócios, publicado em novembro de 2016 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 22% dos empresários entrevistados indicam a falta de garantias reais como a maior dificuldade para o aval do banco.

Então, como driblar esse obstáculo?

Um caminho atende pelo nome de Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), do Sebrae.

Não se trata de uma linha de crédito, mas de um instrumento que auxilia as pequenas empresas a completarem a lista de garantias que um banco exige para emprestar dinheiro.

O Sebrae atua como avalista, e o Fampe como um fundo de aval. As faixas de garantia variam de R$ 10 mil a R$ 700 mil, dependendo do porte da empresa e da finalidade do dinheiro.

No site do Sebrae, você pode conferir mais informações e saber quais são as instituições conveniadas.

Linhas de crédito para empréstimo e financiamento

O ideal é procurar linhas de crédito destinadas especialmente empresas do porte da sua.

As melhores surgem, geralmente, de iniciativas públicas para facilitar o acesso de empreendedores ao crédito. Confira algumas das principais alternativas:

Linhas de crédito do BNDES

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) apoia as empresas brasileiras por meio do financiamento, que, diferentemente do empréstimo, é vinculado a uma finalidade específica – como compra de máquinas, equipamentos e outros bens; modernização de um negócio; capital de giro, etc.

As micro, pequenas e médias empresas contam com condições especiais, e o financiamento pode ser solicitado junto a instituições financeiras credenciadas.

Proger Urbano – Capital de Giro

Para micro e pequenas empresas, há uma linha de crédito chamada de Proger Urbano – Capital de Giro.

Como o nome indica, ela tem o objetivo de financiar o capital de giro de pequenas empresas.

Nesse tipo de empréstimo, vale a pena lembrar: o planejamento financeiro de longo prazo é essencial.

Microcrédito Produtivo Orientado

A Caixa Econômica Federal possui essa linha de crédito para empresas de pequeno porte e até mesmo para microempreendedores individuais que precisam de pequenos aportes para investir no negócio.

O limite máximo para o empréstimo é de R$ 15 mil, e a aprovação depende da análise do crédito do solicitante e de sua capacidade de pagamento. A principal vantagem é que é uma linha de crédito com pouca burocracia.

8 caminhos do empréstimo para a pequena empresa

Como já adiantamos, é preciso pesquisar muito antes de contrair financiamento ou empréstimo para sua empresa.

Além de buscar os menores juros, você precisa ter seu crédito aprovado.

Por isso, é interessante conhecer possibilidades que vão além do tradicional para poder decidir o que se enquadra melhor nas suas necessidades.

Com o avanço tecnológico, surgiram opções diferentes para atender a demandas de cada porte de empresa.

Veja a seguir alguns caminhos para encontrar as melhores modalidades de empréstimo ou financiamento:

1. Grandes bancos

Quando se fala de empréstimo e financiamento, as opções mais tradicionais são sempre os grandes bancos comerciais, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, e o Itaú, que são considerados pelo Banco Central como os principais bancos do Brasil e concentram 78,5% do mercado de crédito no país.

Pequenas empresas em busca de capital de giro, compra de equipamentos e tecnologia e investimentos em infraestrutura podem ter suas necessidades atendidas por essas instituições financeiras.

Para ter acesso a esses benefícios, é necessário uma análise de crédito a ser aprovada para que banco certifique-se de que o empreendedor poderá arcar com dívida.

Muitas vezes, é preciso apresentar um plano de negócios demonstrando o destino pretendido para o investimento e o seu retorno.

Além disso, o lucro do banco ao emprestar dinheiro se dá pelas taxas de juros.  

Para encontrar as melhores condições, é importante consultar a tabela de juros do Banco Central, que reúne os dados das principais instituições financeiras periodicamente.

2. Fintechs

As Fintechs são startups cujo objetivo é oferecer soluções e serviços financeiros de forma facilitada, ágil e inovadora.

O termo surge da junção das palavras Financial Technology, ou seja, Tecnologia Financeira em Português, e o empréstimo facilitado é um dos serviços oferecidos por essas plataformas financeiras digitais.

O processo de liberação de crédito por Fintechs para pequenas empresas é totalmente digital e utiliza tecnologia desenvolvida para avaliar o perfil do cliente e calcular o nível específico de risco, a partir de diversas fontes e dados que vão além do histórico de pagamentos de cada cliente.

Esse processo é mais rápido do que o de bancos tradicionais, e permite uma taxa de juros mais baixa.

3. Cooperativas

Outra alternativa de empréstimos e financiamentos aos pequenos empreendedores são as cooperativas de crédito, as quais oferecem os mesmos serviços que os bancos tradicionais, porém de forma facilitada, pois seu regime tributário é isento de  PIS, Cofins e CSLL.

Para participar, os empreendedores interessados devem comprar uma cota, tornando-se assim sócios das cooperativas e participando das decisões em assembleia.   

Os maiores exemplos de sistemas cooperativos atualmente no Brasil são o Sicoob (com 2,5 milhões de associados) e o Sicredi (com mais de 3,8 milhões de associados), os quais juntos correspondem a 85% do setor cooperativo brasileiro.

Além deles, é importante citar o Sistema Cecred, agora chamado de Sistema Ailos, o qual possui 13 cooperativas filiadas no Sul do Brasil e mais de R$ 6,5 bilhões em ativos.

Dessa forma, as cooperativas visam à prestação de serviços aos seus associados, promovendo o acesso a cartões de crédito, empréstimos, financiamentos, investimentos e capital de giro. O Sicoob, por exemplo, oferece uma ferramenta comparativa das taxas para diferentes créditos empresariais.

Vale ressaltar que, ao se tornar sócia, a empresa passa a ser juridicamente responsável caso a cooperativa tenha prejuízo durante o ano.

4. BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social também é uma opção de financiamento de longo prazo para pequenos empreendedores por um viés de fomento à economia nacional.

O BNDES não tem agência, e suas operações são realizadas por parcerias com instituições financeiras, da mesma maneira que muitos bancos brasileiros estão credenciados para oferecer linhas de crédito do BNDES.

Empresas instaladas no país podem solicitar empréstimos ou financiamentos do banco, o qual toma como base para a classificar como pequenas empresas o faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões.

Além disso, recursos liberados por meio dessa alternativa são destinados a um fim específico, tratando-se portanto de financiamento que pode ser relacionado à construção, aquisição de máquinas e equipamentos, bens de produção e insumos, veículos, capital de giro, entre outros.

O banco também disponibiliza um simulador online para que o cliente já possa verificar suas condições de pagamento para cada tipo de financiamento.

5. Investidores-anjo

Outra possibilidade é o investimento-anjo, que recebe esse nome por nascer do capital próprio de pessoas físicas investido em empresas novas com alto potencial de crescimento.

O investidor, que também pode ser um grupo pequeno de pessoas físicas (em média 2 a 5) recebe em geral uma participação minoritária no empreendimento (entre 5% a 10%) e contribui com sua experiência, networking, expertise e com capital (geralmente entre R$ 50 mil a R$ 500 mil).

A Anjos do Brasil, por exemplo, é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo o fomento desse tipo de investimento e pode proporcionar o encontro entre o investidor-anjo e o pequeno empreendedor e à qual também é possível submeter projetos.    

6. P2P

O empréstimo ou financiamento peer to peer (P2P), que em tradução livre significa de ponto a ponto, trata-se de um investimento sem a intermediação de instituições financeiras em um tempo em que economia compartilhada está em alta.

Nessa modalidade, investidores emprestam dinheiro diretamente para empreendedores que buscam crédito para alavancar seus negócios, o que pode gerar uma remuneração mais alta ao investidor do que investimento bancário.

Esse tipo de crédito pode ser concedido coletivamente, ou seja, investidores podem juntar-se para alcançar a quantia solicitada pelo empreendedor. 

Ele oferece maior agilidade, conveniência e menor burocracia, pois o processo é realizado online. Além disso, juros e taxas tendem a ser menores.

Nessa modalidade, o biva é uma empresa de financiamento coletivo para pequenos empreendimentos e é possível simular o empréstimo e o financiamento a partir do valor desejado.    

7. Leasing

Para pequenas empresas que dependem, por exemplo, de maquinário e estão buscando crédito para adquiri-lo, o leasing pode ser uma boa alternativa às altas taxas de juros de operações de crédito.

Trata-se de um contrato em que uma parte cede uso dos ativos fixos, definindo um valor fixo mensal a ser pago pela outra parte que fará uso do maquinário para construir sua receita.

Ao final do contrato, o ativo pode ser estendido por outro determinado período de tempo ou o equipamento pode ser comprado ou devolvido.

O leasing permite que o custo da depreciação fique sempre com o proprietário do equipamento, assim como possibilita que empresa utilize sempre tecnologia de última geração sem ter que investir totalmente nela.

Nesses casos, o custo do equipamento não é incorporado ao patrimônio da empresa. Por outro lado, é possível deduzir as parcelas do leasing do imposto de renda, por tratarem-se de despesas.

Veículos também são um exemplo de ativo fixo que podem ser adquiridos por leasing.

8. Antecipação de recebíveis

A antecipação de recebíveis é uma opção interessante para pagar contas de curto prazo. Como o nome indica, essa alternativa permite que você receba antecipadamente valores que só chegariam mais tarde.

Essa antecipação costuma ter juros mais baixos do que um empréstimo comum, que não conta com o lastro da venda já realizada.

Nesse tipo de operação, sua empresa pode receber dinheiro referente a vendas parceladas, a prazo, cheques e carnês, antes que o cliente precise desembolsar o valor.

Esse tipo de crédito está disponível em bancos comerciais, cooperativas e outras instituições financeiras. Aqui, vale a regra de comparar as taxas de juros e os custos totais da operação.

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