Lean startup é a oportunidade certa para você?

Todo empreendedor gostaria de abrir um negócio com a maior chance de ter êxito, não é mesmo? Atualmente, a fórmula que mais pode aproximá-lo desse objetivo é a lean startup. Saiba como funciona e como crescer a partir dela.

O que é lean startup?

Lean startup é um método que testa o modelo de negócio antes de seu lançamento e aplicação em escala. Proposto inicialmente para as startups, empresas de base tecnológica, e voltado para o desenvolvimento de produtos, aos poucos vem se transformando em um conceito utilizado para começar qualquer empreendimento.

Em inglês, lean significa enxuto, uma característica bastante atrelada à gestão da qualidade em processos industriais. Foi a partir dela que o americano Eric Ries dedicou-se a pesquisas e, em um esforço que envolveu tecnologia, marketing e gestão, chegou ao lean startup.

Pela proposta de Ries, o método tem por objetivo testar e, assim, identificar e resolver a ocorrência de desperdícios, seja de tempo, de custos ou de recursos, chegando a um resultado final qualificado e marcado pela eficiência do “mais por menos”.

Mas como essa ideia saiu das startups para ajudar outros negócios em gestação? Ao entender o funcionamento da metodologia, fica mais fácil planejar a sua aplicação em qualquer empresa.

Como funciona o lean startup?

Você já leu aqui no blog sobre a importância de testar o modelo de negócio antes do lançamento e as diferentes formas de fazer isso. A estratégia pode compreender desde a pesquisa para identificar os interesses do público ao oferecimento de protótipo para verificar sua aplicabilidade. Também um teste do tipo A/B, com duas versões do produto, pode ser tentado para ver qual é melhor aceito.

Mas o lean startup vai além e se mostra não apenas um conceito novo, como também moderno. E a primeira ferramenta para a sua utilização já é (ou deveria ser) de conhecimento de todo empreendedor.

Estamos falando do Business Model Canvas, um quadro voltado ao desenvolvimento do modelo de negócio. Basicamente, as hipóteses são apresentadas, adaptadas e substituídas em um ciclo que objetiva chegar ao melhor resultado para a empresa a ser criada e seus futuros clientes.

Encontrado aquele que se mostrou como o modelo de negócio ideal, antes de passar ao importantíssimo plano de negócios, é preciso testar a ideia e definir o MVP, sigla que em inglês remete ao Produto Mínimo Viável, sendo que:

• O produto deve ser coeso e útil, com todas as funcionalidades propostas na ideia original
• O mínimo corresponde à menor representação possível no menor tempo possível
• O viável indica uma proposta de valor ao cliente, que o leve a adotá-la e, assim, gerar receita para a empresa.

Para que o teste com base no lean startup seja efetivo, a solução apresentada ao mercado precisa ser completa e não simplificada para ser entregue de forma mais rápida. Também a versão não será obrigatoriamente a mais barata, pois isso poderia implicar em menor viabilidade.

O processo se completa quando, concluídos os testes, a empresa chegar a um formato que combine a maior qualidade com o melhor time-to-market (tempo entre o desenvolvimento até a chegada ao mercado).

Trata-se de um método bastante rigoroso, não sendo aceitas trocas, como alguma perda em nome de um possível ganho de tempo. É preciso que as duas características citadas estejam agregadas ao processo.

Como encontrar o seu MVP?

Todo o tipo de negócio tem muito a aprender com uma startup e seus processos sabidamente mais enxutos. É por essa razão que o lean startup vem aparecendo cada vez mais em outras empresas, tanto para o lançamento de produtos quanto na forma embrionária de novos negócios.

Mas o empreendedor brasileiro por vezes encontra dificuldade na sua aplicação, pois o método não tem uma receita de bolo a ser seguida em todas as situações. Também os principais textos de referência estão escritos na língua inglesa.

Assim, para encontrar o seu MVP, é preciso estudar o assunto e, principalmente, o próprio negócio que pretende iniciar ou o produto que deseja lançar.

O primeiro passo é fugir dos erros comuns. E nessa categoria, o equívoco principal é sacrificar alguma das etapas em detrimento de outras. Uma versão criada em poucos dias, com apenas parte das funcionalidades, atende apenas à letra M. Já um produto de grande viabilidade, mas de difícil concepção, fatalmente teria seus testes prejudicados.

Assim, chegar ao MVP não é exatamente fácil, tampouco uma tarefa para poucas mãos. Sozinho, o empreendedor não terá muitas hipóteses a testar e validar. A construção de um modelo de negócios é como um brainstorm, ou tempestade de ideias.

Por isso, é preciso ouvir sócios (se houver), pessoas próximas da administração e demais colaboradores. No caso de uma empresa ainda embrionária, reunir os parceiros do projeto e pessoas de confiança e capazes de contribuir.

Ler mais sobre o assunto é tarefa obrigatória para investir no lean startup. Contratar uma consultoria especializada pode ser opção, mas é preciso considerar que o método é bastante novo por aqui, sendo desconhecido até mesmo por muitos daqueles que prestam esse tipo de serviço a empresas.

Por que lean startup?

A eficiência é uma busca há décadas. Não há garantia que o lean startup seja o método definitivo para resolver essa questão. Mas no momento não há nada mais atual. Fora do Brasil, em especial nos Estados Unidos, há muitos empreendedores baseando-se no método.

Tanto lá como por aqui, um receio que acompanha o sonho de ter um negócio próprio é o da falência precoce. Estudo do pesquisador Shikhar Ghosh, da Harvard Business School, publicado em 2013, identificou que 75% das novas empresas não dão certo.

No Brasil, os dados mais recentes estão no Censo das Empresas Brasileiras 2012, divulgado no ano seguinte pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação. Conforme o levantamento, 15,41% das empresas encerram as atividades já no primeiro ano, 41,86% não chegam ao quinto e só 25% superam os 14 anos de existência.

Quer mais uma razão para se aventurar no lean startup?

Se as startups são as empresas da vez, por que não aprender com elas? Se elas são o principal foco de investidores-anjo, por que não seguir seus métodos para também atrair interesses externos.

Vale lembrar que, com a aprovação do projeto Crescer Sem Medo, convertido na Lei Complementar 155, no ano passado, pequenas empresas também podem receber o apoio de um investidor-anjo.

Considerações finais

Vimos ao longo deste artigo o que é lean startup e como a metodologia pode auxiliar pequenas empresas no início de suas atividades ou no lançamento de novas ideias. É certamente uma proposta vantajosa, que pode qualificar a solução para uma etapa sempre cheia de desafios. Ao mesmo tempo, não se trata de um método fácil de aplicar.

Por essa razão, a dica final é, caso queira apostar no lean startup, não tenha pressa, teste hipóteses e esqueça o medo de errar. O tempo que for “perdido” nessa etapa resultará em ganhos posteriores, tanto nos prazos como na certeza de estar apresentando ao mercado a ideia mais viável possível.

E você, o que acha da metodologia lean startup para a sua empresa? Comente!