Inovação e Tecnologia

O que é inovação disruptiva e como tirar proveito dela

Vinicius Roveda Vinicius Roveda | Atualizado em: 26/01/2024 | 6 mins de leitura

Inovação disruptiva em pequenas empresas

A inovação disruptiva representa o que se costuma chamar de ponto fora da curva. É uma adaptação do termo usado para definir pessoas que não se encaixam nos modelos conhecidos. Em se tratando de inovação, não resta muita dúvida sobre o que ela significa. Tudo que é novo e agrega valor pode ser considerado inovador.

Mas quando essa inovação rompe totalmente um modelo já conhecido, gerando uma demanda até então desconhecida, ela pode ser chamada de disruptiva. No mundo dos negócios, as disrupções foram e são responsáveis por autênticas revoluções, não na ordem social, mas por criarem novas formas de atender às necessidades das pessoas.

O termo, criado pelo mestre Clayton Christensen, da Harvard Business School, tornou-se um conceito desejado e perseguido, principalmente por empreendedores de pequeno e médio porte.

Vamos entender o porquê.

Inovação disruptiva surge com a necessidade do público

As empresas que lideram mercados e exibem números colossais em seus balanços normalmente procuram dar continuidade aos modelos que lhes garantem o sucesso. Elas trabalham com uma relativa tendência que as massas têm a permanecer em um status quo.

Guiadas por uma lógica de certa forma conservadora, suas atividades tornam-se um fim em si mesmas. Os objetivos vão se afastando dos reais anseios das pessoas, para se resumirem à manutenção ou crescimento da performance comercial.

Um exemplo a ser citado é o da Coca-Cola. Recentemente, a empresa ofereceu um milhão de dólares para quem encontrar um substituto para o açúcar em seus refrigerantes. Não vale usar substâncias como as já conhecidas stevia ou siraitia. Também não poderão ser usadas plantas protegidas por leis ambientais ou proibidas sob quaisquer mecanismos legais.

Ou seja, uma gigante da indústria alimentícia, a despeito dos seus mais de 130 anos de tradição e faturamento bilionário, precisou pedir socorro a qualquer um que se disponha a encarar um desafio que surge a partir de uma nova necessidade.

Não se pode negar que refrigerantes podem fazer mal à saúde. Mas será que a Coca-Cola se preocuparia em atender à demanda por refrigerantes menos calóricos se não fosse uma exigência de mercado?

É nesse sentido que a inovação disruptiva vem se tornando não apenas uma ideia que encontra exemplos isolados. Já se percebe que a disrupção superou a fase de tendência. Hoje, é um conceito para o qual os profissionais de vanguarda dedicam especial atenção.

No LinkedIn, por exemplo, é cada vez mais comum perfis profissionais com o título de Business Transformation Officer (BTO).

As disrupções provocam transformações profundas

Toda inovação disruptiva provoca uma mudança não apenas nas posições que os produtos e serviços ocupam em termos de preferência dos consumidores.

Ela cria uma nova demanda, até então atendida de forma insatisfatória por grandes empresas, por serem amplas demais ou por gerarem lucros que não viabilizariam o investimento em planejamento, marketing e nas operações.

Um exemplo disso é o aplicativo WhatsApp. A disrupção que o serviço gratuito de mensagens instantâneas provocou tornou rapidamente obsoletos os caros e limitados SMS.

Como sempre acontece a cada inovação disruptiva, a criação do WhatsApp não partiu de uma grande empresa de telefonia, possivelmente preocupada em baratear seus serviços. Nesse caso, tudo foi obra de um imigrante ucraniano radicado nos Estados Unidos que criou o serviço depois de 10 anos trabalhando para o Yahoo!.

Em diversos setores, são percebidas mudanças que podem ser consideradas disrupções no modelo de negócios vigente. No setor bancário, por exemplo, novos horizontes estão se abrindo, graças a modalidades recentes de financiamento que dispensam bancos, como o crowdfunding.

Embora sempre exista a necessidade de se recorrer a uma instituição financeira, a disrupção fica mais por conta dos novos tipos de acesso ao crédito, totalmente legais e operando dentro das regras de mercado.

A propósito, a legislação é sempre um possível obstáculo às iniciativas disruptivas. Não raro, as grandes empresas ameaçadas pela inovação recorrem às leis para tentar proteger mercados da influência que produtos e serviços mais baratos representam.

Essa é uma das principais características das iniciativas que provocam disrupção. Via de regra, em comparação com similares oferecidos por grandes empresas, o que elas vendem é mais barato, mais eficiente e atende a mais pessoas.

Portanto, quase toda inovação disruptiva parte necessariamente de micro ou pequenos empreendedores. E essa é uma grande notícia para você.

Qual a diferença em relação à inovação?

Por se tratar de algo novo, é compreensível que se confunda inovação de produtos e serviços com o que propõe a inovação baseada na disrupção.

Uma diferença básica é que a inovação pura e simples parte de um modelo já existente, aperfeiçoando-o ou agregando a ele novas funções. Ela não provoca mudanças significativas no mercado, que continua sendo atendido pelas mesmas marcas, empresas e produtos.

Já na inovação disruptiva, muito mais do que pesquisas e estudos direcionados à inovação, entra em cena uma qualidade muito difícil de mensurar, a intuição.

Um caso clássico é o de Henry Ford, o pai da indústria automotiva. Para criar seus veículos, ele não recorreu a pesquisas ou estudos de caso, mas na crença de que o carro seria útil para as pessoas.

Sua célebre frase resume o quanto a intuição norteou suas criações “Se eu perguntasse o que meus compradores queriam, teriam dito que era um cavalo mais rápido”. Esse é um exemplo lapidar de uma inovação que provocou uma completa mudança de paradigmas, podendo ser classificada como disruptiva.

Inovação catalítica, uma outra forma de conquistar mercados

O mesmo criador do termo inovação disruptiva sugere outra abordagem para sua aplicação. Trata-se da inovação catalítica, que difere da disrupção no sentido de que cria modelos reproduzíveis em diferentes locais. Tem mais a ver com inovação social, por abarcar atividades sem fins lucrativos.

Assemelha-se com a inovação disruptiva no sentido de atender a demandas até então desprezadas, mas com alcance muito maior. Isso porque é mais inclusiva ainda, compreendendo grandes públicos, não atendidos pelos serviços e produtos pensados para nichos de mercado.

Os setores de saúde e educação são os que mais favorecem a ação de inovações catalíticas. Um exemplo disso é a MinuteClinic, serviço médico que oferece consultas rápidas em locais como drogarias, shoppings e farmácias.

O modelo é considerado um sucesso, já que foi replicado em dez estados norte-americanos, com satisfação de 99% dos 350 mil pacientes que participaram de uma pesquisa.

Considerações finais

Investir em inovação disruptiva é a melhor forma de colocar em prática o valorizado, mas nem sempre compreendido, conceito de “pensar fora da caixa”. Não é uma condição simples de ser alcançada, mas se tiver sucesso nela, muito provavelmente sua empresa mudará de patamar.

E você, o que pensa sobre a inovação disruptiva em pequenas empresas? Deixe um comentário!

Leia também