Gestão do Negócio

Gestão em Startups: Financeiro, Métodos Ágeis e Tecnologia

Vinicius Roveda Vinicius Roveda | Atualizado em: 26/01/2024 | 15 mins de leitura

A gestão em startups obedece a uma lógica de disruptura e crescimento acelerado. Veja nosso GUIA completo para decolar.

 A gestão em startups obedece a uma lógica de disruptura e crescimento acelerado.

Não depende apenas de ideias brilhantes, mentes geniais e planos de negócio inovadores.

Para decolar e atrair a atenção do mercado, você precisa se descolar das estratégias tradicionais.

É o que fazem as startups que ganham o mundo: utilizam uma fórmula de crescimento rápido para produzir resultados grandiosos com equipes enxutas e budgets limitados.

São empresas disruptivas que possuem inovação em seu DNA e encaram ambientes de alto risco para desenvolver soluções escaláveis, repetíveis e lucrativas.

Por isso, se você está dando os primeiros passos nesse universo, precisa de um modelo de gestão em startups capaz de superar o cenário de intensa competição.

Vale a pena explorar os seguintes tópicos:

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Gestão em startups: ritmo acelerado

A gestão em startups segue o ritmo acelerado das transformações digitais, uma vez que os negócios são baseados em tecnologia e projetados para alcançar o mercado global.

A atmosfera das startups é caracterizada pela urgência em mover-se rapidamente. Nesse universo, testar e falhar em pouco tempo é melhor do que implementar aos poucos e se arrastar em um caminho sem resultados.

Afinal, quando se trata de empresas disruptivas, o crescimento lento não é uma opção.

Em outras palavras, ou a startup consegue adoção e aprovação dos usuários desde o começo, ou está fadada ao fracasso.

No livro The Startup Owner’s Manual (K&S Ranch, 2012), os empreendedores Steve Blank e Bob Dorf dão a receita de sucesso para a gestão em startups:

“A velocidade é essencial para as startups porque sua única certeza é que o saldo bancário está ruindo a cada dia”.

A própria definição de startups aponta para um ambiente de grandes riscos e incertezas. Por isso, não basta ser inteligente: é preciso agir rápido.

Se os ciclos ocorrerem muito lentamente, o dinheiro acaba e a empresa fracassa, como demonstra a estatística de 90% de mortalidade das startups (Forbes).

Para garantir essa velocidade, as startups utilizam métodos de gestão tão inovadores quanto sua proposta.

Em primeiro lugar, você precisa entender que as empresas tradicionais (especialmente as grandes) planejam com calma e projetam o longo prazo, enquanto as startups alinham estratégia, execução e ajustes ao mesmo tempo.

Uma empresa convencional passa por diversas etapas de concepção, planejamento estratégico e um longo desenvolvimento de produto para lançar sua versão final no mercado ideal.

Já a startup precisa lançar rapidamente seus produtos e aprimorar versões simultaneamente, com base em ciclos de experimentação junto aos consumidores.

E se o objetivo é tomar decisões rápidas, é claro que equipes enxutas e alta tecnologia facilitam o processo, além de um ambiente descontraído e criativo.

Para dar um impulso, existem as aceleradoras de startups, que funcionam como incubadoras de empresas que oferecem consultoria, treinamento, apoio financeiro e outras contribuições em troca de participação acionária.

O objetivo é atingir o compasso ideal para o desenvolvimento de startups, definido como 10 vezes mais rápido do que o de uma grande empresa tradicional.

Como é o modelo de gestão de startups

O modelo de gestão de startups ideal depende de uma série de fatores, pois não há uma única fórmula que funcione para todas as empresas.

No entanto, podemos reunir alguns dos principais modelos de negócio que iniciaram a revolução do empreendedorismo criativo e influenciam as startups modernas.

Uma das obras mais importantes para a gestão de startups é A Startup Enxuta (Leya, 2012), do pioneiro do Vale do Silício Eric Ries.

No livro, o autor apresenta a metodologia da chamada Lean Startup, baseada na redução de desperdícios e experimentação direta com o consumidor.

Suas principais contribuições são o circuito de reação (Construir – Medir – Aprender) e o conceito de Produto Minimamente Viável (MVP).

Nesse circuito, a startup cria seu produto inicial e mede o feedback dos clientes, aprimorando cada versão em um ciclo contínuo de construção, mensuração e aprendizagem.

Essa aprendizagem se torna muito mais eficiente com o MVP, que consiste em uma versão resumida do produto projetada para coletar o máximo de informações possível junto a um público selecionado, para depois aprimorar outras versões.

Outro modelo amplamente difundido é o Desenvolvimento de Clientes, dos autores Blank e Dorf, já citados anteriormente.

A lógica é semelhante à da startup enxuta: são realizadas constantes iterações com clientes e o mercado, validando as hipóteses com agilidade para ajustar os produtos.

Em resumo, alguns dos elementos mais importantes para a gestão de startups são:

Teste de hipóteses

A experimentação é um ponto de partida essencial na gestão de startups. Por isso, a elaboração e teste de hipóteses deve ser uma atividade contínua.

Em vez de elaborar um plano de negócios ultracomplexo, o gestor de startups desenvolve os produtos elaborando hipóteses e testando sua validade na prática.

A esse movimento, chamamos ciclo de feedback, pois o valor e potencial do produto é testado continuamente pelos próprios clientes.

Aprendizado no centro

Muito mais do que gerar receita, a startup tem o aprendizado como alma do negócio.

Nesse processo, a descoberta do cliente é central, pois representa a grande fonte de informações na busca pelo crescimento.

Como dizem os empreendedores experientes, a startup não depende apenas de pesquisas: o próprio negócio é uma pesquisa de mercado constante.  

Capital humano de alta performance

As pessoas por trás das startups tendem a se diferenciar dos profissionais corporativos, pois operam em um modo dinâmico e veloz.

Por essa razão, o recrutamento de talentos adequados à realidade da economia criativa é fundamental para o sucesso da startup.

Para escolher os profissionais certos, basta procurar aqueles que demonstram foco absoluto na solução, paixão pelo produto e facilidade de adaptação às mudanças.

Além disso, as posições em uma startup não são divididas entre os típicos cargos executivos de vendas e marketing, mas reunidas em uma única equipe focada no desenvolvimento.

Métodos ágeis de gestão de projetos

Os métodos ágeis de gestão de projetos são baseados em pessoas, colaboração e valores compartilhados, e não à toa são os preferidos das startups.

A origem dos métodos ágeis está no Manifesto Ágil, um documento criado para orientar novos princípios e valores ao desenvolvimento de software.

O manifesto surgiu em 2001 como resultado do encontro de vários líderes da área de TI, que se sentiam frustrados com os métodos tradicionais de desenvolvimento sequencial.

Os principais mandamentos do manifesto são:

  • Indivíduos e iterações mais que processos e ferramentas;

  • Software em funcionamento mais que documentação abrangente;

  • Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos;

  • Responder a mudanças mais que seguir um plano.

Assim, a agilidade proposta para a indústria do software se estendeu a toda a área de gestão de projetos, por meio de métodos inteligentes que poupam tempo e recursos.

Vamos conhecer os principais métodos ágeis e entender sua importância nas startups:

FDD (Feature Driven Development)

O FDD ou Desenvolvimento Dirigido a Funcionalidades é um método simples e poderoso para o desenvolvimento de produtos.

Basicamente, a equipe de projeto desenvolve um modelo global para o produto, constrói uma lista de recursos e se move através de iterações para desenvolver cada funcionalidade.

Assim, o FDD permite a obtenção de resultados frequentes e funcionais, por meio das seguintes etapas:

  1. Desenvolvimento de modelo do produto;

  2. Criação da lista de funcionalidades;

  3. Planejamento por funcionalidade;

  4. Projeção e construção por funcionalidade.

DSDM (Dynamic System Development)

A DSDM ou Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas Dinâmicos é um dos métodos ágeis pioneiros, que traduz os valores do Manifesto Ágil.

Sua ênfase está no envolvimento constante do usuário durante todo o projeto e criação de um ciclo de vida rápido.

Para isso, o DSDM é aplicado de forma iterativa e incremental, ou seja, a solução é entregue em partes que incrementam suas funcionalidades a cada etapa.

Iteração, no caso, diz respeito a um ciclo curto e contínuo de requisitos> desenvolvimento> testes> implantação, que é reduzido ao máximo e repetido até chegar à versão final do produto.

Esse princípio básico substitui o método original em cascata, no qual os produtos são validados somente no final do processo e não há chances para corrigir problemas no caminho.

Com as iterações, as entregas do produto são divididas em pequenas partes praticáveis, permitindo que cada incremento seja testado e corrigido em etapas.

Se você analisar os modelos de negócio de startups, vai encontrar a correspondência direta a esse método ágil.

KanBan

O KanBan é uma ferramenta visual que auxilia no acompanhamento do fluxo de trabalho e controle do trabalho em progresso ou WIP (Work in Progress).

Em resumo, o quadro KanBan é dividido em status como “pendente”, “em execução” e “concluído”, onde são listados os trabalhos em andamento para que não haja sobrecarga ou má distribuição de tarefas.

Apesar de sua simplicidade, o KanBan é muito útil para facilitar a colaboração das equipes enxutas e tornar regras e processos mais explícitos.

SCRUM

O Scrum é um método ágil que segue a mesma linha iterativa e incremental, mas com forte embasamento empírico.

Em resumo, o Scrum é um framework desenhado para produtos e projetos complexos, que oferece uma estrutura eficiente para entrega.

Sua base está nos projetos divididos em ciclos chamados de Sprints, que correspondem às iterações do DSDM.

O principal ator do Scrum é o Product Owner (dono do produto), que negocia com a equipe para estabelecer o tempo e periodicidade dos Sprints, enquanto o Scrum Master age como um coach auxiliando o Time Scrum.

Em cada Sprint, é selecionado um pacote de funcionalidades e tarefas derivado do Product Backlog (lista de funções desejadas do produto).

Assim, o time se compromete com a conclusão das tarefas planejadas para cada Sprint, e todo o processo é acompanhado de perto com inspeções e adaptações dos envolvidos.  

São inúmeras regras que permeiam o Scrum, mas o ciclo básico de Product Backlog> Sprint> Entrega ocorre até que o projeto seja finalizado, com as vantagens da transparência, dinamismo e otimização constante.

Gestão financeira para startups

A gestão financeira para startups é um desafio, pois há grande imprevisibilidade nos resultados.

É comum que no início o caixa passe um bom tempo no vermelho, pois o foco é atrair investimentos e construir um negócio capaz de crescer rapidamente — e não aumentar gradualmente o faturamento, como em uma empresa comum.

Já durante a fase de validação, a curva dos gráficos de desempenho das startups se parece mais com um M do que um S, pois é marcada por altos e baixos bastante bruscos.

Outro fator importante é que quase sempre essas empresas dependem de fontes de fomento e investidores-anjo para cobrir seus custos operacionais nos primeiros meses, para além do capital próprio.

Logo, o empreendedor tem que estar preparado para a instabilidade e um controle ainda mais rigoroso das finanças, para não correr o risco de quebrar e interromper um negócio promissor. 

De acordo com uma pesquisa realizada pela aceleradora Startup Farm, publicada em 2016 na Época Negócios, 74% das startups brasileiras fecham após cinco anos de existência. 

Uma das razões é justamente a dificuldade para monetizar o negócio a tempo, devido ao alto volume de investimentos necessário. 

Outro estudo, chamado Causas da Mortalidade das Startups Brasileiras, publicado em 2015 pela Fundação Dom Cabral, mostra que 70% das startups sobrevivem por cerca de 4 anos no Brasil.   

Novamente, uma das razões para a falência precoce é a falta de capital para investir no negócio e atravessar a fase crítica.

Para evitar esse problema, as startups devem prestar atenção à gestão financeira desde o primeiro dia de operação, tomando as seguintes medidas:

  • Acompanhar de perto o fluxo de caixa (incluindo conciliação bancária)
  • Alinhar pagamentos e recebimentos 
  • Definir um capital de giro suficiente para sustentar as operações
  • Monitorar o balanço patrimonial, balancetes e DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) mensalmente
  • Conduzir a gestão tributária (pagamento de impostos, planejamento e entrega de obrigações fiscais)
  • Contabilizar custos para precificar corretamente os produtos ou serviços
  • Monitorar KPIs financeiros como lucratividade, rentabilidade e faturamento.

Muitas vezes, essas práticas básicas são negligenciadas pelos empreendedores focados em inovação, que não querem perder tempo com tarefas burocráticas das finanças.

Porém, a saúde financeira é fundamental para qualquer startup que pretenda atrair investidores — lembrando que já estamos falando de um negócio de alto risco.

Para garantir sua credibilidade, a empresa deve provar sua capacidade de oferecer retorno sobre os investimentos e sustentar suas operações durante o crescimento.

A melhor forma de fazer isso é apresentando relatórios e projeções financeiras, que incluem o cálculo do capital necessário, validação do modelo de negócio e orçamentos em médio e longo prazo.

E, para que essas previsões estejam devidamente embasadas, a startup também precisa garantir uma gestão financeira data-driven (orientada por dados). 

Afinal, uma empresa inovadora de alto crescimento não pode controlar suas finanças em planilhas e papéis, certo?

Com uma plataforma de gestão financeira e contábil como a Conta Azul, por exemplo, já é possível gerenciar todas as movimentações, emitir documentos e gerar relatórios 100 % online.

Assim, a startup pode partir de dados reais sobre sua performance para definir metas e acompanhar o progresso financeiro.

Para completar, a empresa deve estudar a fundo o mercado e identificar as tendências que podem afetar suas finanças. 

Assim, a startup consegue estabelecer um plano financeiro e captar recursos para investir na construção de um negócio reprodutível e escalável.

Vale lembrar que a ajuda de um contador consultivo pode fazer a diferença e trazer insights valiosos para a gestão.

Tecnologia para a gestão de startup

Em um cenário de decisões rápidas, métodos ágeis e aceleração constante, é claro que a tecnologia é essencial para a gestão em startups.

Para evitar o famoso efeito “casa de ferreiro, espeto de pau”, as startups precisam adotar soluções tecnológicas à altura de seus processos e produtos inovadores.

Afinal, é preciso extrair o máximo potencial das equipes tradicionalmente pequenas, evitando ocupar os cérebros da empresa com tarefas repetitivas e burocráticas.

Para ganhar tempo, as startups necessitam de softwares e sistemas que automatizem rotinas, utilizando tecnologias como armazenamento em nuvem, machine learning, inteligência de dados e robôs.

Atualmente, existem soluções que otimizam processos de RH, marketing, vendas, atendimento, gestão financeira e até questões jurídicas.

A Conta Azul está entre as empresas que oferecem tecnologias sob medida para startups, com seu sistema ERP online para gestão de vendas e finanças.

A plataforma conecta as startups à contabilidade e facilita muito o controle financeiro em uma gestão integrada, ágil e 100% online.

Assim, as tarefas operacionais são resolvidas em poucos cliques, e os gestores ainda têm acesso às informações mais valiosas para tomada de decisão, devidamente organizadas e com visualização amigável.

Com a plataforma Conta Azul, a startup pode conectar todas as áreas e dinamizar seus processos, economizando o tempo e dinheiro necessários ao crescimento veloz.

Gestão de startup com a sua cara

O repertório de métodos e soluções para a gestão de startups é imenso, mas cabe a você selecionar os melhores para criar a identidade da sua empresa.

Como vimos, os modelos de gestão em startups diferem dos convencionais pelo seu desenvolvimento dinâmico, que substitui os planos de negócio estáticos.

Também ficou claro que você precisa conhecer profundamente o cliente e focar os esforços em aprender sobre suas necessidades, solucionando problemas por meio de propostas de valor.

Quanto mais os clientes estiverem envolvidos no processo, mais valiosas serão as informações colhidas e maiores as chances de criar um fenômeno de vendas.

Mas, para alcançar o sucesso, seu negócio precisa ser rápido e facilmente adaptável às mudanças, com uma gestão baseada em aprendizado, ação e resultados.

Assim, você deve reunir as ferramentas que mais se adequam ao seu produto, cliente, equipe, mercado e recursos disponíveis.

Ao combinar tecnologia e conhecimento, você pode criar a gestão de startup com a sua cara, com potencial de crescimento exponencial.

Afinal, as startups de sucesso são exaustivamente copiadas, mas nada supera seu modo único de transformar ideias em negócios de sucesso.

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