Um dos maiores desafios de quem decide abrir seu próprio negócio certamente está na falta de capital inicial. Mas um novo programa de crédito federal promete trazer alívio. Entenda o que muda na concessão de empréstimos para empresas iniciantes.
Dinheiro para pequenas empresas
Em cerimônia no Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa, comemorado em 5 de outubro, o governo federal anunciou a oferta de R$ 30 bilhões em linhas de crédito exclusivas para o setor. A promessa é de condições diferenciadas e facilitadas para a contratação.
Se você está precisando de um dinheiro extra para o seu negócio, vale conhecer as regras do programa. A primeira delas é que os recursos podem ser utilizados para investimentos, compra de equipamentos, capital de giro, aquisição de matéria-prima e pagamento de fornecedores.
São alvo da iniciativa micro e pequenos empresários e também aqueles formalizados como microempreendedor individual (MEI). Do total destinado para concessão de crédito, R$ 20 bilhões serão disponibilizados por bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) e o restante virá de bancos privados (Bradesco, Itaú e Santander).
Mas a melhor notícia são os menores juros envolvidos na operação. A expectativa da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa é de que a redução nas taxas chegue a 30%.
Como buscar empréstimos para empresas
A promessa de crédito por vezes gera dúvidas, especialmente quando a oferta parece atraente demais. Essa desconfiança do empreendedor é natural e até certo ponto importante, já que a decisão de contratar um empréstimo pode ser decisiva para o futuro do negócio - para o bem e para o mal.
Isso não significa, porém, que o nova iniciativa federal de disponibilizar recursos para micro e pequenas empresas (MPEs) seja ruim. Ao contrário disso, se o recurso for buscado com um objetivo específico e bem planejado, com o gestor se cercando de todas as informações a respeito do produto financeiro, muitas são as vantagens.
Um empréstimo pode ser decisivo para concretizar projetos de expansão do negócio, pagar contas, manter o fluxo financeiro e até mesmo garantir a sobrevivência da empresa em períodos difíceis.
Se você já tem um bom relacionamento (como pessoa jurídica ou mesmo física) com um dos bancos participantes do programa recém-lançado, é válido conversar com seu gerente para buscar esclarecimentos sobre as regras, especialmente sobre as taxas de juros praticadas, que variam entre as instituições financeiras.
A princípio, as exigências de acesso ao crédito não mudam. O que há de novo é a maior disponibilidade de recursos, lembrando que na última vez em que o governo abriu crédito para as MPEs, em maio deste ano, o volume previsto era bem menor, alcançando R$ 5 bilhões. Ou seja, agora, tem dinheiro para todos, inclusive para a sua empresa. Mas vale o cuidado para fazer um bom negócio.
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) recomenda cinco passos para conseguir crédito com segurança:
- Identificar a necessidade de crédito: de quanto precisa e para qual finalidade
- Buscar informações e escolher o banco: qual atende melhor à sua necessidade
- Analisar os fatores de restrição: como atender às exigências
- Elaborar o plano de negócios: como viabilizar seu projeto financeiro
- Efetuar o pedido de financiamento: apresentação de documentos e garantias.
Ao seguir essas etapas, o empreendedor precisa compreender que, embora o banco tenha dinheiro a lhe oferecer, só o fará se confiar na sua capacidade de pagamento. Não por acaso, o estudo O Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil, conduzido pelo Sebrae em 2014, identificou a falta de garantias reais das empresas como uma das principais razões para a negativa de crédito pelas instituições.
Alternativas a empréstimos para empresas iniciantes
A burocracia e os juros (ainda que menores, como o prometido no novo programa federal) são o maior obstáculo para a contratação de empréstimo junto aos bancos, conforme apurou o mesmo estudo do Sebrae citado anteriormente, que ainda identificou que 66% das empresas gostariam de tomar um empréstimo “se fosse fácil e barato”.
É por razões como essa que muitos empreendedores acabam desistindo de recorrer às instituições financeiras e buscam alternativas de crédito. Esse é um movimento comum especialmente em iniciantes, já que o pouco tempo de empresa formalizada costuma ser um entrave para a liberação de dinheiro pelos bancos.
Ainda assim, se for essa a opção do gestor, ele pode recorrer ao Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), do Sebrae. Por meio do instrumento, a entidade se torna avalista da operação, o que auxilia no atendimento à lista de garantias exigidas. Visite a página do Fampe para conhecer condições e limites.
Caso a tentativa junto aos bancos não seja bem-sucedida, resta ser criativo, econômico e certeiro em suas ações. Entre as quatro opções abaixo, a maioria delas privilegia a inovação, voltando-se a startups.
- Poupar antes: a melhor forma de iniciar uma empresa é ter recursos próprios para lançar sua ideia. E isso se alcança poupando antes, com planejamento e sabedoria. Não é fácil, mas o risco é mínimo.
- Financiamento coletivo: já existem no Brasil serviços voltados ao financiamento coletivo de empresas em troca de participação societária, como o Broota. Se gosta da ideia e deseja saber mais, pesquise por equity crowdfunding.
- Investidor anjo: atrair um investidor do tipo não é fácil, mas se você tem uma ideia de negócio inovadora, suas chances aumentam. Esse é o perfil de quem aposta seu dinheiro no crescimento de uma empresa, visualizando lucros futuros.
- Aceleradora: seu papel é semelhante ao de um investidor anjo, com a diferença de que se trata de uma empresa e não pessoa física. Também uma aceleradora pode apostar no sucesso do negócio não apenas com dinheiro, mas sendo parceira na gestão.
Será a hora de um crédito extra?
Você tem medo do crédito? Saiba que essa é uma estratégia comum. Segundo o estudo do Sebrae, 51% dos pequenos negócios já buscaram empréstimo em bancos. Já de acordo com o Termômetro ContaAzul - 1ª Edição, esse percentual sobe para 59,7% ao considerar os dois últimos anos.
Assim, o que fica para reflexão é que o novo aporte de recursos em linhas voltadas a MPEs pode ser uma boa oportunidade para a sua empresa. Mas para que isso se confirme, não basta haver condições atrativas. É preciso atender a uma necessidade real. Planeje, se informe e faça as contas.
Qual a necessidade de crédito para a sua empresa no momento? Comente!