Controle Financeiro

Crédito extra para pequenas empresas: Tem para a sua?

Marcio Roberto Andrade Marcio Roberto Andrade | Atualizado em: 07/07/2023 | 6 mins de leitura | ← voltar

Empréstimos para empresas iniciantes: veja os caminhos

Um dos maiores desafios de quem decide abrir seu próprio negócio certamente está na falta de capital inicial. Mas um novo programa de crédito federal promete trazer alívio. Entenda o que muda na concessão de empréstimos para empresas iniciantes.

Dinheiro para pequenas empresas

Em cerimônia no Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa, comemorado em 5 de outubro, o governo federal anunciou a oferta de R$ 30 bilhões em linhas de crédito exclusivas para o setor. A promessa é de condições diferenciadas e facilitadas para a contratação.

Se você está precisando de um dinheiro extra para o seu negócio, vale conhecer as regras do programa. A primeira delas é que os recursos podem ser utilizados para investimentos, compra de equipamentos, capital de giro, aquisição de matéria-prima e pagamento de fornecedores.

São alvo da iniciativa micro e pequenos empresários e também aqueles formalizados como microempreendedor individual (MEI). Do total destinado para concessão de crédito, R$ 20 bilhões serão disponibilizados por bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) e o restante virá de bancos privados (Bradesco, Itaú e Santander).

Mas a melhor notícia são os menores juros envolvidos na operação. A expectativa da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa é de que a redução nas taxas chegue a 30%.

Como buscar empréstimos para empresas

A promessa de crédito por vezes gera dúvidas, especialmente quando a oferta parece atraente demais. Essa desconfiança do empreendedor é natural e até certo ponto importante, já que a decisão de contratar um empréstimo pode ser decisiva para o futuro do negócio – para o bem e para o mal.

Isso não significa, porém, que o nova iniciativa federal de disponibilizar recursos para micro e pequenas empresas (MPEs) seja ruim. Ao contrário disso, se o recurso for buscado com um objetivo específico e bem planejado, com o gestor se cercando de todas as informações a respeito do produto financeiro, muitas são as vantagens.

Um empréstimo pode ser decisivo para concretizar projetos de expansão do negócio, pagar contas, manter o fluxo financeiro e até mesmo garantir a sobrevivência da empresa em períodos difíceis.

Se você já tem um bom relacionamento (como pessoa jurídica ou mesmo física) com um dos bancos participantes do programa recém-lançado, é válido conversar com seu gerente para buscar esclarecimentos sobre as regras, especialmente sobre as taxas de juros praticadas, que variam entre as instituições financeiras.

A princípio, as exigências de acesso ao crédito não mudam. O que há de novo é a maior disponibilidade de recursos, lembrando que na última vez em que o governo abriu crédito para as MPEs, em maio deste ano, o volume previsto era bem menor, alcançando R$ 5 bilhões. Ou seja, agora, tem dinheiro para todos, inclusive para a sua empresa. Mas vale o cuidado para fazer um bom negócio.

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) recomenda cinco passos para conseguir crédito com segurança:

  1. Identificar a necessidade de crédito: de quanto precisa e para qual finalidade
  2. Buscar informações e escolher o banco: qual atende melhor à sua necessidade
  3. Analisar os fatores de restrição: como atender às exigências
  4. Elaborar o plano de negócios: como viabilizar seu projeto financeiro
  5. Efetuar o pedido de financiamento: apresentação de documentos e garantias.

Ao seguir essas etapas, o empreendedor precisa compreender que, embora o banco tenha dinheiro a lhe oferecer, só o fará se confiar na sua capacidade de pagamento. Não por acaso, o estudo O Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil, conduzido pelo Sebrae em 2014, identificou a falta de garantias reais das empresas como uma das principais razões para a negativa de crédito pelas instituições.

Alternativas a empréstimos para empresas iniciantes

A burocracia e os juros (ainda que menores, como o prometido no novo programa federal) são o maior obstáculo para a contratação de empréstimo junto aos bancos, conforme apurou o mesmo estudo do Sebrae citado anteriormente, que ainda identificou que 66% das empresas gostariam de tomar um empréstimo “se fosse fácil e barato”.

É por razões como essa que muitos empreendedores acabam desistindo de recorrer às instituições financeiras e buscam alternativas de crédito. Esse é um movimento comum especialmente em iniciantes, já que o pouco tempo de empresa formalizada costuma ser um entrave para a liberação de dinheiro pelos bancos.

Ainda assim, se for essa a opção do gestor, ele pode recorrer ao Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), do Sebrae. Por meio do instrumento, a entidade se torna avalista da operação, o que auxilia no atendimento à lista de garantias exigidas. Visite a página do Fampe para conhecer condições e limites.

Caso a tentativa junto aos bancos não seja bem-sucedida, resta ser criativo, econômico e certeiro em suas ações. Entre as quatro opções abaixo, a maioria delas privilegia a inovação, voltando-se a startups.

  • Poupar antes: a melhor forma de iniciar uma empresa é ter recursos próprios para lançar sua ideia. E isso se alcança poupando antes, com planejamento e sabedoria. Não é fácil, mas o risco é mínimo.
  • Financiamento coletivo: já existem no Brasil serviços voltados ao financiamento coletivo de empresas em troca de participação societária, como o Broota. Se gosta da ideia e deseja saber mais, pesquise por equity crowdfunding.
  • Investidor anjo: atrair um investidor do tipo não é fácil, mas se você tem uma ideia de negócio inovadora, suas chances aumentam. Esse é o perfil de quem aposta seu dinheiro no crescimento de uma empresa, visualizando lucros futuros.
  • Aceleradora: seu papel é semelhante ao de um investidor anjo, com a diferença de que se trata de uma empresa e não pessoa física. Também uma aceleradora pode apostar no sucesso do negócio não apenas com dinheiro, mas sendo parceira na gestão.

Será a hora de um crédito extra?

Você tem medo do crédito? Saiba que essa é uma estratégia comum. Segundo o estudo do Sebrae, 51% dos pequenos negócios já buscaram empréstimo em bancos. Já de acordo com o Termômetro ContaAzul – 1ª Edição, esse percentual sobe para 59,7% ao considerar os dois últimos anos.

Assim, o que fica para reflexão é que o novo aporte de recursos em linhas voltadas a MPEs pode ser uma boa oportunidade para a sua empresa. Mas para que isso se confirme, não basta haver condições atrativas. É preciso atender a uma necessidade real. Planeje, se informe e faça as contas.

Qual a necessidade de crédito para a sua empresa no momento? Comente!

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