Gestão do Negócio

Como vencer a crise em pequenas indústrias

Vinicius Roveda Vinicius Roveda | Atualizado em: 07/07/2023 | 5 mins de leitura | ← voltar

Rotina em pequenas indústrias

A crise pegou em cheio as pequenas indústrias no Brasil. Indicadores do setor mostram que o cenário negativo se arrasta há dois anos. Essa é a má notícia. A boa é que tem solução. Veja neste artigo como dar a volta por cima, sair do vermelho e retomar o crescimento.

Crise é maior entre as pequenas indústrias

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou no início de junho os resultados da sua Sondagem Industrial, pesquisa na qual avalia o desempenho do setor. E as notícias não poderiam ser piores para as pequenas indústrias. Em todos os sete indicadores avaliados, a crise é sempre mais severa do que nas empresas de porte médio ou grande.

Conforme a entidade apurou, não se trata apenas de ficar atrás na comparação com outras indústrias, mas de registrar resultados ruins nos dois últimos anos.

A pesquisa mede cada indicador entre zero e 100 pontos. A linha de corte que indica a estabilidade fica em 50. Abaixo disso significa queda, insatisfação ou falta de confiança. E adivinha só: entre 2015 e 2017, as pequenas indústrias flutuaram em torno dos 40 pontos.

Vamos a um resumo do que a CNI descobriu:

  1. Evolução da produção: 41,7
  2. Evolução do número de empregados: 45,4
  3. Utilização da capacidade instalada: 57
  4. Expectativa de demanda por seus produtos: 52,6
  5. Situação financeira: 36,8
  6. Acesso a crédito: 28,7
  7. Índice de confiança: 49,9

Entre os resultados que mais surpreenderam a entidade, está a queda de dez pontos percentuais na capacidade instalada desde 2014, a grande dificuldade de acesso ao crédito e, é claro, a dolorosa situação financeira.

Mas há ao menos um dado positivo ao observar os gráficos produzidos pela pesquisa da CNI. Tudo leva a crer que o fundo do poço se deu em 2016. Desde então, apesar do cenário ainda negativo, há leve melhora nos resultados. Quem sabe não é momento perfeito de virar o jogo a seu favor?

Como encarar a crise e sair vitorioso

Se é verdade que a crise é impiedosa com as pequenas indústrias, como apurou a CNI, também não se pode negar que a solução exige uma reação. Lamentar-se faz parte, mas pouco ajuda a mudar o cenário. Veja, então, quatro ótimas dicas para encarar o problema de frente, sobreviver e crescer:

1. Reconheça a crise na sua empresa

Para encontrar uma solução, o primeiro passo é ter um problema a atacar, certo? Parece óbvio dizer isso, mas não é por que a crise atingiu em cheio as pequenas indústrias que a sua empresa precisa ser mais uma vítima.

É por isso que você deve começar por um diagnóstico empresarial. Mais do que reconhecer uma possível crise, essa ação já identificará quais são as causas dela. E aí, fica muito mais fácil planejar o que fazer para sair dessa situação incômoda.

2. Tenha um plano a seguir

Com a realidade da empresa detalhada à sua frente, é hora de avaliar as alternativas. Duas questões importantes a responder nesse segundo passo são o que fazer e como fazer.

É preciso considerar que não existe solução mágica ou mesmo uma receita para vencer a crise que se aplique a todas as pequenas indústrias. Ainda assim, é quase certo que você precisará cortar custos. Se acredita que já faz isso muito bem, redobre o esforço: sempre dá para enxugar mais.

Quanto às demais ações, tudo vai depender das causas da crise na sua empresa e das suas possibilidades. Nem sempre encolher o tamanho do negócio é a melhor solução. Tem muita gente que vence um período negativo investindo mais, ampliando sua atuação. Não existe certo ou errado. Existe planejamento.

3. Qualifique os controles

A insatisfação com a situação financeira é, entre os indicadores da CNI, aquele que pode ser mais facilmente atacado. Afinal, muito provavelmente a culpa pela crise, nesse caso, é quase exclusiva do empreendedor.

Tenha em mente que as pequenas indústrias ainda perdem muito dinheiro devido à desorganização interna e à insuficiência nos controles de seus processos.

Tudo começa no estoque, onde insumos sobram ou faltam, se estende para a produção, onde a demanda por vezes é mal calculada, e alcança o ápice no administrativo e financeiro, desde falhas no registro de receitas e despesas até a ausência de integração entre as áreas da empresa.

Exatamente como uma máquina, uma indústria não funciona bem com uma peça fora de lugar. É preciso gerenciar tudo com rigor, dedicando-se à gestão financeira e buscando o desperdício zero em tudo o que faz.

4. Avalie alternativas aos empréstimos

Outro ponto bastante sensível nas pequenas indústrias, conforme a CNI, está no acesso ao crédito. É o mais baixo dos indicadores da sua pesquisa. Para a entidade, a dificuldade reside nas taxas de juros muito elevadas e na exigência de garantias reais para liberação dos recursos.

No ano passado, diz a CNI, 20% das pequenas empresas conseguiram contratar uma nova linha de crédito, 40% renovaram uma linha antiga e 40% não conseguiram contratar nem renovar crédito.

Como bem lembra a entidade, a falta de crédito pode levar a atrasos nos pagamentos e até impactar a produção, dada a necessidade de capital de giro não atendida. Mas nem sempre isso significa que sua empresa precisa mesmo contratar um empréstimo.

Receber o aporte de um investidor-anjo, recorrer ao financiamento coletivo ou mesmo buscar recursos próprios para autofinanciar a operação são alternativas interessantes. Para essa última, você já está no caminho ao seguir a dica 3, pois toda economia gera um crédito para a empresa. Vale também negociar prazo mais longos com fornecedores e mais curtos com os clientes.

Dá para vencer a crise

Neste artigo, você viu que o cenário econômico em pequenas empresas é bastante ruim, mas reversível. Que tal aproveitar o que aprendeu hoje para colocar seu estabelecimento em outro patamar?

Como dica final, vale pensar em adotar um sistema de gestão online. Esse é o tipo de tecnologia que pode agregar muito às pequenas indústrias. Além de integrar processos e qualificar os controles, é uma poderosa ferramenta para tornar sua rotina mais produtiva e eficiente.

Dá para vencer a crise. Mas é inadiável que você faça a sua parte. Aceita o desafio? 

E na sua empresa, como tem sentido os efeitos da crise econômica? Comente!

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