Controle Financeiro

CMV (Custo de Mercadorias Vendidas): o que é, por que e como calcular?

Equipe Conta Azul Equipe Conta Azul | Atualizado em: 26/01/2024 | 10 mins de leitura

O CMV é um indicador que revela se as suas vendas estão sendo realmente lucrativas ou se os custos precisam ser revistos.

Se você chegou ao fim do mês e não conseguiu o lucro esperado, pode ser que não tenha levado em conta o custo da produção ou da compra de mercadorias e do armazenamento desses itens. 

É o que chamamos de Custo de Mercadorias Vendidas, que considera não apenas o que você gastou com os produtos, mas também o seu custo com estoque para chegar ao lucro bruto

Já vamos entender como o CMV funciona e como deve ser calculado nos tópicos a seguir:

Leia com atenção e comece a usar esse indicador para aumentar sua lucratividade. 

O que é CMV?

O CMV (Custo de Mercadorias Vendidas) é um indicador financeiro que calcula os gastos para produzir (no caso da indústria) ou armazenar (na realidade do comércio) um determinado item até que ele seja negociado com o cliente.

Se você tem uma farmácia, não produziu os remédios e cosméticos que são vendidos ao consumidor, certo?

Já se tem uma loja de calçados, revende peças fabricadas por terceiros. 

Em ambos os casos, assim que o consumidor final sai com o produto do estabelecimento, o valor da transação entra na soma do seu faturamento, mas não do lucro.

O que queremos dizer com esses dois exemplos é que você precisa descontar o gasto que teve com a produção ou compra do item do preço final de venda, para então descobrir quanto ganhou com a transação. 

E o CMV existe exatamente para isso: identificar todos os gastos envolvidos no produto para que a empresa encontre o seu lucro bruto, ou seja, o quanto recebeu pela venda após a dedução dos custos de produção/compra.

Para que serve o CMV?

O CMV serve para calcular o lucro bruto das vendas e descobrir quanto foi investido, proporcionalmente, para conseguir vender um produto.

Ele é indicado para pequenas indústrias e estabelecimentos comerciais nos quais não há grande variação de custos, ou seja, onde há algo mais próximo de um custo padrão. 

O grande diferencial desse indicador é que ele não considera apenas o valor que foi pago ao fornecedor pelos produtos ou o custo de produção dos itens (insumos, mão de obra, equipamentos, etc.), mas também os gastos com o estoque

Afinal, você tem custos para manter as mercadorias armazenadas, e também precisa levar em conta os produtos que ainda não foram vendidos e as possíveis devoluções. 

Por mais que os itens em estoque aumentem o ativo da empresa, eles ainda representam custos — e o mérito do CMV é inserir esses gastos no cálculo do lucro bruto, permitindo um resultado mais preciso.

Lembrando que o lucro bruto ainda não é o dinheiro que sobra efetivamente das vendas para o bolso do empreendedor, pois ainda é preciso descontar impostos,despesas e outras receitas, para chegar ao lucro líquido. 

Como veremos mais adiante, o cálculo  do CMV pode considerar um valor por produto unitário, um percentual sobre o faturamento ou mesmo um valor geral a ser apurado a cada mês ou período determinado. 

Como calcular o CMV?

Há várias formas de calcular o CMV e entender os custos das mercadorias vendidas de acordo com o estoque. 

Confira as principais fórmulas para encontrar o indicador. 

Cálculo para CMV geral do negócio

Para chegar ao CMV geral do negócio, deve ser feita a soma do estoque inicial (EI) com as compras do mês (ou outro período) (C), menos o inventário ou estoque final (EF). Assim, chegamos à seguinte fórmula:

CMV = EI + C – EF

Também é possível somar as devoluções de vendas (DV) e subtrair as devoluções de compras (DC), se for necessário. 

Nesse caso, a fórmula fica assim:

CMV = EI + C + DV – DC – EF

Parece simples, não é mesmo? Para melhor entendimento, um exemplo sempre ajuda. Vamos a ele:

  • No início do mês, a sua empresa possuía R$ 5 mil em estoque (EI)
  • Ao longo dos 30 dias, ela investiu R$ 3 mil em compras
  • Foram devolvidos R$ 200,00 em produtos, pelos clientes (DV)
  • Ao final do período, a empresa termina com R$ 4 mil em estoque (EF).

Logo, temos o cálculo:

CMV = EI + C + DV – EF

CMV = R$ 5.000,00 + R$ 3.000,00 + R$ 200,00 – R$ 4.000,00 

CMV = R$ 4.200,00

Isso significa que o Custo das Mercadorias Vendidas foi de R$ 4.200,00.

Antes de se assustar com o resultado, lembre-se de que essa fórmula se aplica para chegar ao valor geral, ou seja, o CMV total do mês apurado. 

Cálculo para CMV por produto

A fórmula do CMV também pode ser usada para calcular custo do produto unitário, com a diferença de que isso exige um cálculo para cada tipo de item.

Se você possui um mercado, por exemplo, pode recorrer à fórmula para encontrar o CMV unitário do refrigerante, da água mineral, dos laticínios, das frutas e verduras e de todos os demais produtos que vende. 

Para isso, encontre o EI de cada grupo, identifique quanto investiu em compras nele e também o seu EF. 

Vamos a mais um exemplo:

  • No início do mês, a sua empresa possuía R$ 500 em EI de refrigerantes
  • Em 30 dias, ela comprou R$ 1 mil em refrigerantes (C)
  • Ao final do período, chega com R$ 550 em estoque (EF).

Logo, temos:

CMV = R$ 500,00 + R$ 1.000,00 – R$ 550,00 

CMV = R$ 950,00

Com o CMV a R$ 950,00, se você vendeu R$ 2.350 em refrigerantes no mês, seu lucro bruto foi de R$ 1.400,00 com esse produto.

Cálculo para CMV por faturamento

Outra forma de encontrar o CMV, como comentamos, é a partir de um percentual sobre o faturamento. 

Nesse caso, a conta é um pouco diferente: você precisa encontrar o percentual médio de custos sobre o total de notas fiscais emitidas (ou seja, seu faturamento) e, em seguida, aplicar o resultado de maneira uniforme a todos os produtos vendidos.

Uma boa forma de fazer isso é conhecer o seu custo fixo, dividir esse valor pelo faturamento e multiplicar por 100. 

Por exemplo: se você fatura em média R$ 10 mil em determinado mês e tem R$ 1,2 mil como custo médio (1.200 / 10.000 x 100), terá 12% de custo percentual.

Lembrando que o CMV geral do negócio pode ser encontrado no DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício), onde os custos de mercadorias vendidas são separados das outras despesas do negócio, mostrando exatamente qual o lucro bruto e o resultado líquido da empresa. 

O que não entra no cálculo do CMV?

Veja agora exemplos de despesas comuns a todo o tipo de negócio que não incidem sobre o custo das mercadorias e, por isso, não são utilizadas para encontrar o lucro bruto:

  • Impostos incidentes sobre vendas, como PIS, Cofins e ICMS
  • Despesas administrativas, como gastos fixos com telefonia, internet e aluguel
  • Despesas operacionais, como frete
  • Despesas financeiras, como juros sobre empréstimos
  • Despesas com vendas, como comissões.

Todos esses gastos são deduzidos após o cálculo do lucro bruto para chegar ao lucro líquido do negócio, que é o dinheiro que efetivamente sobrou no período. 

Motivos para calcular o CMV na sua empresa

Agora que você sabe como calcular o CMV, deve estar se perguntando por que é importante analisar esse indicador no seu negócio.

Confira alguns motivos para calcular esse custo.

1. Identificar custos excessivos

O CMV funciona como um indicador de alerta, já que a partir dele o empreendedor pode identificar se há gastos exagerados para determinada operação ou mesmo no custo total do negócio.

Ao acompanhar o indicador, você consegue detectar produtos com alto custo e traçar estratégias para reduzir os gastos e aumentar a lucratividade do negócio.

2. Melhorar o controle de estoque

O CMV também ajuda a melhorar o controle de estoque, pois mostra quais produtos têm mais giro e quais estão ficando mais tempo parados.

Assim, você consegue adotar medidas para aumentar o giro e aproveitar o espaço disponível com mais eficiência, além de manter um nível de estoque compatível com a demanda dos clientes — sem excessos ou desperdícios.

3. Analisar a situação financeira

Vendas e faturamento em alta nem sempre são sinônimo de uma situação financeira favorável na empresa.

Com o CMV, você descobre qual o peso dos produtos comprados ou produzidos sobre o seu lucro e tem uma visão muito mais clara sobre o desempenho financeiro do período. 

Muitas vezes, os empreendedores se concentram apenas no faturamento e se esquecem de que há custos envolvidos em todo o processo de produção/compras, armazenamento e venda. 

Nesse caso, o CMV se torna um parâmetro importante para entender a performance real do negócio e observar o lucro a partir dos custos reais. 

4. Monitorar o lucro bruto

Se você analisar apenas o lucro líquido, ou seja, o resultado final do negócio, não saberá dimensionar o lucro que está sendo gerado nas vendas, antes do desconto de despesas fixas e impostos. 

Em alguns casos, pode ser que o lucro bruto esteja em um bom patamar, mas as despesas fixas precisem ser reduzidas para aumentar o lucro final do negócio.

Em outros, o lucro bruto pode ser insuficiente para cobrir as despesas do negócio, exigindo uma revisão nas estratégias de venda e custos com produção e compras de fornecedores. 

Por isso é importante calcular o CMV e entender o quanto o negócio está lucrando somente com as vendas, antes de partir para outros custos e despesas

5. Planejar promoções e liquidações

O CMV também serve como base para planejar promoções e liquidações a partir do custo dos itens em estoque.

Por exemplo, você pode identificar uma mercadoria parada em estoque e verificar o CMV para formar um preço promocional que seja atrativo para os clientes e não gere prejuízo para a empresa.

Assim, fica mais fácil movimentar o estoque sem correr o risco de perder dinheiro com sua promoção ou oferta especial. 

6. Negociar com fornecedores

Outra utilidade do CMV é mostrar se a empresa tem feito boas compras e se os preços praticados pelos fornecedores estão colaborando com o lucro do negócio. 

Se você concluir que os preços estão muito altos e acabam impactando seu lucro bruto , pode usar esse argumento para negociar valores com os parceiros e buscar condições mais vantajosas para a sua empresa.

Dessa forma, você melhora o planejamento de compras, consegue preços mais competitivos e garante um estoque mais equilibrado.

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Se você não quer perder tempo calculando o CMV, a solução é utilizar um sistema de gestão empresarial que automatize esse cálculo e traga os resultados prontos para você.

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Com o DRE Gerencial, por exemplo, você acompanha de perto indicadores como o CMV, lucro bruto, despesas e o resultado final do seu negócio (lucro ou prejuízo).

Além disso, a Conta Azul oferece relatórios de despesas por centro de custos e planos de contas para você não perder nenhum gasto de vista e manter a saúde financeira do negócio.

Tudo isso com direito a recursos exclusivos de controle financeiro e integração total com seu contador. 

E então, ficou clara a importância do CMV para a sua gestão financeira?

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