Contabilidade

CMV: como e por que calcular o custo de mercadorias vendidas

Marcos Perillo Marcos Perillo | Atualizado em: 01/12/2023 | 7 mins de leitura | ← voltar

CMV: Entenda por que calcular o custo de mercadorias vendidas

Vendas e faturamento em alta nem sempre são sinônimo de uma situação financeira favorável. Você sabe qual o peso dos produtos que negocia sobre o seu lucro? Se a resposta for não, há um indicador que você precisa conhecer e colocar em prática: estamos falando do CMV (Custo de Mercadorias Vendidas). Entenda neste artigo como e por que calculá-lo.

Entendendo o CMV (Custos de Mercadorias Vendidas)

A realidade é dura para o pequeno empresário. Até na hora da venda há um custo a estimar. Quem se concentra apenas em aumentar o faturamento e esquece de fazer alguns cálculos básicos de gestão, pode ser levado ao engano, lucrando menos do que acreditava.

Muitos empreendedores preferem se concentrar no campo operacional, produzir e vender, atrair clientes e fidelizar outros. Mas há obrigações financeiras para as quais não se pode virar as costas, sob risco de comprometer a continuidade do negócio.

A boa notícia é que vários são os instrumentos que ajudam o empreendedor a perceber se as contas estão realmente fechando no azul ou se ele ele está perdendo dinheiro. Entre eles, está o CMV (Custo de Mercadorias Vendidas). Trata-se de um indicador que considera gastos para produzir (no caso da indústria) ou armazenar (na realidade do comércio) um determinado item até que ele seja negociado com o cliente.

Se você tem uma farmácia, não produziu os remédios e cosméticos que nela vende. Já se tem uma loja de calçados, revende peças fabricadas por terceiros. Em ambos os casos, assim que o consumidor final sai com o produto do estabelecimento, o valor da transação entra na soma do seu faturamento, mas não do lucro.

O que queremos dizer com esses dois exemplos é que do preço final de venda é preciso descontar o gasto que teve com a produção ou obtenção do item. E o CMV existe exatamente para encontrar o seu lucro bruto, ou seja, o que gastou e o que recebeu em determinada transação comercial.

O indicador é melhor utilizado em pequenas indústrias e estabelecimentos comerciais nos quais não há grande variação de custos, ou seja, onde há algo mais próximo de um custo padrão. Como veremos a seguir, o cálculo pode considerar um valor por produto unitário, um percentual sobre o faturamento ou mesmo um valor geral a ser apurado a cada mês ou período determinado. Mas fique atento: como não estamos falando de lucro líquido, mesmo após calcular o CMV, há outros descontos a serem aplicados.

Como calcular o CMV

Para calcular o CMV, o primeiro passo é, conhecendo a realidade da sua empresa, determinar o que entra e o que fica de fora da conta. E fica fácil de observar que o índice está diretamente relacionado ao seu estoque.

Para chegar ao CMV, deve ser feita a soma do estoque inicial (EI) com as compras do mês, ou do período que determinou (C), menos o inventário ou estoque final (EF). Assim, chegamos à seguinte fórmula:

CMV = EI + C – EF

Parece simples, não é mesmo? Para melhor entendimento, um exemplo sempre ajuda. Vamos a ele:

  • No início do mês, a sua empresa possuía R$ 5 mil em estoque (EI)
  • Ao longo dos 30 dias, ela investiu R$ 3 mil em compras (C)
  • Ao final do período, chega com R$ 4 mil em estoque (EF)
  • Isso significa que o Custo das Mercadorias Vendidas foi de R$ 4 mil.

Antes de se assustar com o resultado, lembre-se de que essa fórmula se aplica para chegar ao valor geral, ou seja, o CMV total do mês apurado. Ela também pode ser utilizada para encontrar o custo do produto unitário, com a diferença de que isso exigiria um cálculo para cada tipo de item.

Vamos entender melhor? Se você possui um mercado, por exemplo, pode recorrer à fórmula para encontrar o CMV unitário do refrigerante, da água mineral, dos laticínios, das frutas e verduras e de todos os demais produtos que vende. Para isso, encontre o EI de cada grupo, identifique quanto investiu em compras nele e também o seu EF. Vamos a mais um exemplo:

  • No início do mês, a sua empresa possuía R$ 500 em EI de refrigerantes
  • Em 30 dias, ela comprou R$ 1 mil em refrigerantes (C)
  • Ao final do período, chega com R$ 550 em estoque (EF)
  • Isso significa que o Custo das Mercadorias Vendidas foi de R$ 950
  • Se você vendeu no mês R$ 2.350 em refrigerantes, seu lucro bruto foi de R$ 1.400 com esse produto.

Outra forma de encontrar o CMV, como comentamos, é a partir de um percentual sobre o faturamento. Nesse caso, a conta é um pouco diferente: você precisa encontrar o percentual médio de custos sobre o total de notas fiscais emitidas (ou seja, seu faturamento) e, em seguida, aplicar o resultado de maneira uniforme a todos os produtos vendidos.

Uma boa forma de fazer isso é conhecer o seu custo fixo, dividir esse valor pelo faturamento e multiplicar por 100. Por exemplo: se você fatura em média R$ 10 mil em determinado mês e tem R$ 1,2 mil como custo médio (1.200 / 10.000 x 100), terá 12% de custo percentual.

O que não entra no cálculo do CMV

Veja agora exemplos de despesas comuns a todo o tipo de negócio que não incidem sobre o custo das mercadorias e, por isso, não são utilizadas para encontrar o lucro bruto:

  • Impostos sobre o faturamento, como PIS/Cofins, IRPJ e ICMS
  • Despesas administrativas, como gastos fixos com telefonia, internet e aluguel
  • Despesas operacionais, como frete
  • Despesas financeiras, como juros sobre empréstimos
  • Despesas com vendas, como comissões.

Conhecer os custos faz bem ao negócio

Acreditamos que esse cálculo, apesar de simples, possa ser útil para melhorar a sua gestão. Mas por que afirmamos isso? Pense no CMV como um indicador de alerta, já que a partir dele o empreendedor pode identificar se há gastos exagerados para determinada operação ou mesmo no custo total do negócio.

Caso ache a matemática um tanto complicada, há duas formas de realizar esse importante controle mais facilmente. Em primeiro lugar, saiba que o auxílio do contador pode ser indispensável, pois ele conhece bem a sua empresa e tem experiência e habilidade com os números.

Em segundo, você não precisa mais realizar esse tipo de cálculo manualmente, pois há sistemas de gestão que permitem um controle automático e fácil, sendo essa apenas uma das funções oferecidas por softwares completos. Você ganha em segurança, não se perde na contabilidade e ainda sobra mais tempo para cuidar do negócio.

E você, já utiliza o cálculo do Custo de Mercadorias Vendidas na sua empresa? Comente!

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