Gestão do Negócio

Avaliar seu negócio: como e por que fazer

Marcos Perillo Marcos Perillo | Atualizado em: 07/07/2023 | 6 mins de leitura | ← voltar

Veja como avaliar negócio

Se você acredita que avaliar negócio é importante apenas para vender a empresa, é bom rever seus conceitos. Pelas mais variadas razões, o empreendimento se beneficia da aplicação de métodos que definem o seu valor, inclusive para atrair investimentos e fazê-lo crescer.

Quando avaliar negócio é uma boa ideia

Em diversos cenários, a avaliação de valor do negócio é importante. Em todas elas, há benefícios para a empresa, que variam conforme o objetivo desejado. Entre os mais comuns, estão:

  • Encontrar o melhor acordo possível para vender sua empresa
  • Receber investimentos, possibilitando ao investidor identificar um negócio atrativo
  • Em cenários de sucessão de sócios ou troca de proprietário
  • Quando há interesse em medir a qualidade da gestão
  • Ao confrontar expectativas de crescimento com a realidade do mercado
  • Se a empresa pretende negociar ações na Bolsa de Valores.

Na realidade das pequenas empresas, projetar crescimento, receber investimentos e encontrar o melhor negócio na venda são as razões mais comuns para realizar a avaliação, destaca a administradora e contadora Carla Regina Silva Martins, especialista em finanças empresariais e consultora da empresa Integrada Soluções Empresariais.

Segundo ela, são realizadas projeções que consideram aspectos como receitas e despesas, dados do setor e tendências de investimentos. Também informações sobre o patrimônio e o histórico do negócio são consideradas. “Quanto menos tempo de mercado, mais difícil é trabalhar o seu valor, pois não há um histórico que mostre como a empresa evoluiu”, exemplifica.

Uma análise do mercado em que o empreendedor atua também não pode ficar de fora. Como exemplo, a especialista cita um negócio no ramo de cosméticos que identifique em estudo que as linhas masculinas tendem a conquistar uma importante fatia e que o investimento nelas surtirá efeito na lucratividade. “Toda informação contribui para a projeção”, destaca.

Ainda de acordo com Carla, o método mais eficaz para o perfil de pequenas empresas é o do chamado fluxo de caixa descontado, sendo por isso o mais utilizado, embora não seja o único e tampouco definitivo – muitas variáveis são bastante subjetivas e o resultado final está sujeito ainda a interferências externas, como as motivadas pelo cenário econômico do momento.

Métodos para avaliação do negócio

Se você está convencido de que a avaliação do negócio é uma boa ideia para a sua empresa no momento, a dica é primeiramente conversar com o profissional responsável por sua contabilidade. “Esse é um cálculo mais apropriado para um contador fazer do que um administrador”, sugere Carla.

Mas o empreendedor precisa participar, inicialmente fornecendo todas as informações necessárias, como abrir o fluxo de caixa. Se o contador já acompanha os processos na empresa e há algum sistema de gestão em funcionamento, fica mais fácil identificar receitas e despesas, contas a pagar e a receber, por exemplo, que fornecem informações importantes.

Com os dados em mãos e considerando ainda o patrimônio, bens físicos, ativos e passivos existentes, é possível aplicar uma das metodologias para avaliar negócio, o que pode ser feito por consultoria ou auditoria especializada no tema.

Fluxo de caixa descontado

É a metodologia mais utilizada pelas pequenas empresas porque gera os resultados mais precisos e também por ser a de mais fácil aplicabilidade. Ela aponta qual será o fluxo de caixa futuro da empresa. Para isso, identifica os recursos financeiros gerados no negócio, trazendo-os aos valores atuais – o que é possível com a determinação da taxa de desconto, que considera tempo e riscos associados às projeções.

Segundo Carla, essa estimativa é feita por um prazo de cinco anos e o chamado valor presente é obtido ao aplicar uma taxa de juros. Para melhor compreensão, veja o exemplo:

  • Considere que o faturamento anual aguardado seja de R$ 100 mil pelos próximos cinco anos (ou seja, chegará a R$ 500 mil em cinco anos)
  • A cada ano, é preciso descontar uma taxa pré-definida, como 12% – que reduziria o valor para R$ 88 mil anuais
  • Ao final, você encontrará a quantia de R$ 440 mil – que corresponde ao valor presente do seu negócio, de acordo com essa projeção.

Importante: esse é um exemplo bastante básico, mas é preciso considerar que muito dificilmente seu faturamento será linear, repetindo-se anos após anos. Também há outras variáveis que entram na conta, resultando em cálculos mais complexos. Recorrer a uma planilha que o auxilie a implementar o fluxo de caixa descontado pode ser uma boa saída.

Balanço patrimonial

O balanço patrimonial já é uma obrigação para empresas no Brasil, exceto para aquelas registradas como MEI. Mais do que uma demonstração contábil a cargo do contador, pode ser utilizada como avaliação do valor do negócio por empreendimentos cujos bens podem gerar ganho econômico futuro.

Basicamente, seu cálculo considera três personagens: ativo, passivos e o patrimônio líquido – este último é obtido após a subtração do primeiro pelo segundo.

Como é um método mais matemático do que econômico e não considera outros fatores que afetam o valor de uma empresa, mas não aparecem nas demonstrações contábeis, acaba sendo menos utilizado com a finalidade de avaliar o negócio.

Goodwill

Neste modelo, o balanço patrimonial é novamente contemplado, mas o método não fica restrito a ele e reúne ainda valores intangíveis que não são vistos na contabilidade e que se caracterizam pela expectativa de lucro futuro, como a carteira de clientes e a posição da empresa no mercado, além das alianças e parcerias realizadas.

Justamente por reunir valores intangíveis é que a aplicabilidade da metodologia torna-se difícil, pois não há consenso para determinar o peso de cada um na projeção final aplicada ao negócio.

Valor contábil ou valor contábil ajustado

Nestas duas metodologias, o valor do patrimônio líquido, obtido a partir do balanço patrimonial, é acompanhado de dados sobre o capital social, receitas, reservas e prejuízos acumulados.

Na primeira, o problema está na falta de alinhamento entre o valor contábil e o valor de mercado da empresa, que corresponde ao que se busca como resultado ao avaliar negócio. De certo modo, essa deficiência é corrigida no método ajustado, que atualiza os números de ativos e passivos ao valor de mercado.

Como escolher a melhor opção

Além dos métodos citados, há ainda modelos de avaliação do valor do negócio que consideram seus dividendos e até mesmo o volume de vendas, com especificidades que podem ser aplicadas a determinados tipos de empresas. Se está na dúvida sobre qual método adotar, converse com seu contador e busque auxílio especializado.

O que fica como recado final deste artigo é mesmo a validade de avaliar seu negócio a qualquer tempo, usando a informação obtida como base para as suas decisões estratégicas de gestão empresarial.

E lembre ainda que, sempre que houver mudança no cenário, como diferenças na receita média e gasto médio, ou algum novo investimento, é preciso ajustar também o valor de avaliação do negócio.

Ficou com dúvidas para avaliar seu negócio? Comente.

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