Gestão do Negócio

Dropshipping no Brasil para pequenas empresas

Gabriel Manes Gabriel Manes | Atualizado em: 07/07/2023 | 7 mins de leitura

Dropshipping no Brasil: dicas práticas

A internet oferece oportunidades de negócio diversas e lucrar no ambiente virtual é também a esperança de quem aposta no dropshipping no Brasil. Mas antes de partir para esse projeto, vale conhecer seus prós e contras.

O que é dropshipping?

Dropshipping é uma modalidade de comércio eletrônico na qual o lojista compra produtos, geralmente no exterior, e os revende através de uma loja virtual própria ou utilizando um site de vendas online. A diferença para o e-commerce tradicional é que ele atua como intermediário apenas, transferindo a necessidade de estoque e a responsabilidade pela entrega.

Uma pessoa que importa produtos da China e os revende a partir de uma página de terceiros na internet está praticando o dropshipping. Nesse caso, ela recebe o pedido, faz a compra junto ao fornecedor e de lá a mercadoria é transferida direto para o endereço do cliente, sem que haja contato com o vendedor, que nesse ramo é chamado de dropshipper.

Também é dropshipper o lojista que compra de um importador no Brasil e negocia os itens através de um site próprio ou via redes sociais e até mesmo por grupos no WhatsApp. Ele anuncia os produtos, fecha com o cliente e, então, se dirige ao distribuidor para encaminhar a demanda.

Seja importando ou comprando do importador para revender, o dropshipping exige poucos recursos: basicamente, um computador que servirá como plataforma de vendas e muita criatividade para divulgar as mercadorias e se destacar entre os concorrentes.

A necessidade de estoque, como falamos, fica para o fornecedor ou distribuidor. Já a entrega depende da modalidade de frete, mas também não gera preocupações ao dropshipper, que apenas repassa o custo da operação ao consumidor.

5 vantagens do dropshipping

  1. Possibilidade de trabalhar em casa
  2. Negócio não demanda grande espaço físico
  3. Gestão facilitada, sem controle de estoque
  4. Menor necessidade de capital de giro
  5. Custos e despesas mais baixos.

5 desvantagens do dropshipping

  1. Margem de lucro menor, sujeita a flutuações do câmbio
  2. Falta de controle sobre disponibilidade
  3. Altas taxas de importação em tributos e encargos
  4. Baixa atratividade devido a prazos longos de entrega
  5. Se o cliente desistir da compra, o prejuízo será seu.

Oportunidades para o dropshipping no Brasil

Enquanto modalidade de comércio eletrônico, o dropshipping oferece boas oportunidades de gerar renda. Mas não se engane com a aparente facilidade e a quantidade pequena de exigências para atuar nesse meio. Por um lado, tais características abrem a possibilidade de qualquer pessoa montar seu negócio virtual. Por outro, isso aumenta a necessidade de se diferenciar, para não ser apenas mais um no mercado.

É preciso considerar que os consumidores estão cada vez mais habituados a comprar na internet. Assim, aspectos como segurança e confiança são pré-requisitos para ser bem-sucedido também no dropshipping.

Basta fazer uma breve reflexão para entender melhor. Veja duas opções abaixo e responda com sinceridade: de qual você compraria?

Dropshipper 1: pratica preços mais baixos, mas vende exclusivamente pelas redes sociais, não disponibiliza telefone para contato, não tem endereço físico e não há muitos canais onde encontrar referências sobre ele.

Dropshipper 2: tem loja virtual própria, endereço físico, telefone para contato, aceita pagamentos no cartão e no boleto e sua empresa pode ser facilmente investigada em sites como o Reclame Aqui.

Embora a segunda opção tenha preços um pouco mais altos (afinal, recolhe devidamente seus impostos), é provável que seja a escolhida justamente por ter um processo mais seguro e permitir recorrer ao Código do Consumidor para reparação, por exemplo.

Se essa é a sua escolha, por que seu cliente pensaria diferente? É por isso que seu êxito na modalidade pode passar pela formalização do negócio, fugindo da ilegalidade.

Como abrir uma empresa

Para ser considerada atividade legal no Brasil, o dropshipping não pode ser exercido por pessoa física, mas por empresa que atua como intermediadora de importação. Nesse sentido, uma Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) possível é a de Comissária de Despachos, de número 5250-8/01, que compreende também os serviços de assessoria em trâmites do comércio exterior.

Como não existe enquadramento da função entre as atividades permitidas para um microempreendedor individual (MEI), ainda que atue sozinho e sem funcionários, a formalização pode se dar como micro ou pequena empresa.

  • Microempresa (ME): receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360 mil
  • Empresa de Pequeno Porte (EPP): receita bruta anual superior a R$ 360 mil e igual ou inferior a R$ 3,6 milhões.

Caso atenda ao limite de faturamento, uma ME ou EPP pode também ser registrada como Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli), categoria empresarial com um único sócio, mas que exige capital social mínimo de 100 vezes o salário mínimo no momento do registro, o que equivale a R$ 88 mil.

Desde janeiro de 2015, como atividade de intermediação de negócios, as empresas de CNAE 5250-8/01 podem optar pelo Simples Nacional como regime tributário, utilizando a tabela de alíquotas prevista no Anexo VI. Outras opções de enquadramento para recolhimento de impostos são o Lucro Real e o Lucro Presumido – consulte seu contador para essa importante definição.

Como importar produtos

Com a empresa legalmente constituída, é preciso se cadastrar junto ao Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (Radar) da Receita Federal. Como passo seguinte, uma Declaração de Importação (DI) é preenchida no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), informando quais mercadorias pretende adquirir fora do país.

A operação está sujeita a taxas diversas, como contrato de câmbio com instituição financeira, conversão de moeda para pagar o fornecedor e tributos, como o Imposto Sobre a Importação de Produtos Estrangeiros (II), cujas alíquotas variam entre 2% e 35%, conforme o produto. IPI, PIS/Cofins e ICMS também incidem sobre todas as etapas da operação.

A dica é conhecer todas as despesas envolvidas e calcular a importação antes de partir para esse modelo de negócio, pois os custos podem ser altos e até inviabilizar a atividade, dependendo da mercadoria adquirida no exterior.

É possível ainda utilizar o Importa Fácil, uma solução logística oferecida pelos Correios para itens cujo valor aduaneiro não ultrapasse US$ 3.000. Vale visitar a página do serviço para conhecer todas as condições envolvidas, da documentação às dimensões do objeto.

Vale a pena fazer dropshipping?

Agora que conhece melhor as regras para legalizar a atividade, suas vantagens e riscos, tem boas informações para avaliar se vale a pena apostar no dropshipping no Brasil. Como qualquer negócio, é importante também estudar o mercado. Você pode concluir que esse tipo de empreendimento já não é tão atrativo como era em um passado recente.

Caso decida encarar o desafio, busque mais conhecimento e também orientação, monte seu plano de negócios e inclua na sua estratégia as seguintes dicas:

  • Esclareça ao cliente que o produto não está fisicamente disponível em estoque
  • Informe que a entrega será de responsabilidade do fornecedor
  • Deixe claro que pode ocorrer atrasos, especialmente se a mercadoria vem do exterior
  • Explique sobre possíveis encargos e embaraços aduaneiros
  • Prefira fornecedores cujos produtos possam ser rastreados
  • Invista em uma estratégia de divulgação em meios variados
  • Seja transparente e só prometa aquilo que puder cumprir
  • Lembre-se que, como empreendedor, precisa cuidar da gestão financeira da empresa.

E na sua opinião, o dropshipping no Brasil pode ser um bom negócio? Comente!

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